O conhecimento e a informação como bens maiores do século XXI

Especialista comenta sobre o desenvolvimento de saberes através do tempo

Por Manolo Perez (*)

manolo perezEmbora muitos se decepcionem com a situação dos jovens brasileiros recém-formados, envolvidos no desemprego ou na problemática dos baixos salários, é a educação o caminho apontado pelos analistas comportamentais para a garantia do sucesso. A sociedade vive cada vez mais do excesso informacional e aproximar-se das informações e ter conhecimentos gerais e específicos são condições básicas para a sobrevivência numa sociedade competitiva e selecionadora de talentos. São necessários dois movimentos para que isto se torne possível: a vontade pelo saber, em aprender e conhecer mais, e a adaptação das estruturas de ensino a um saber democrático.

Carlos Magno, no século VIII, ordenou a reestruturação das escolas nos modelos clássicos, pois percebera que a força de seu reino só estaria perpetuada pelo conhecimento. Desde aquele momento a escolarização passou a ser novamente fundamental para a formação de figuras de destaque na história e para permitir o questionamento das estruturas que promoviam as distinções sociais entre os homens.

Mesmo com o capitalismo ditando regras séculos depois e criando uma polarização entre burguesia e proletariado, o conhecimento sempre foi o caminho para vencer barreiras e permitir mobilidade numa sociedade hierarquizada. De certa forma, o “saber” sempre constituiu verdadeira “moeda” de troca em situações onde o dinheiro não podia falar mais alto.

Passados os momentos do capitalismo industrial e financeiro, as novas ondas do século XXI, alicerçadas numa tecnologia que permite maior velocidade em tudo que fazemos, exigem do homem contemporâneo uma postura de eterno aprendiz.

Se há algumas décadas, cursar uma carreira universitária nos primeiros anos da idade adulta, era garantia de emprego e bem estar até a velhice, hoje, os tempos são outros. Os saberes se renovam a cada instante e não há oportunidades para todos; desta forma processa-se uma “seleção natural” onde os mais aptos sobrevivem, vivem de melhor modo, conquistam novos espaços e fazem valer suas ideias.

Mais que conhecer, exige-se do ser humano a capacidade de saber aprender ou, em realidade, de saber pesquisar. Uma vez que é impossível saber tudo sobre tudo, vale compreender como saber um pouco sobre cada coisa quando assim o necessitamos. Nessa perspectiva, temos o homem de hoje como um ser que responde às suas necessidades com a vontade de conhecer.

Se em passado recente a moeda de troca para tudo era o dinheiro acumulado, a posse de terras ou a truculência, hoje se percebe que as oportunidades vêm das ideias e do conhecimento que vem dessas ideias e que também as retroalimenta.

Nas grandes empresas valorizam-se profissionais com conhecimento específico, mas que, também tenham visões sistêmicas do todo, pessoas capazes de lidar com problemas e apresentar soluções. Ganham destaque, nesse panorama, aqueles que estão a par das novidades, das novas possibilidades tecnológicas e que fazem uso das mesmas para responder da melhor forma a solicitações, pensando também na responsabilidade das ações no que se refere a suas interferências sobre o homem ou sobre a natureza.

Parece um “bordão” familiar dizer que o que há de mais importante para que um pai deixe a seus filhos seja a educação e o conhecimento, mas a prática tem confirmado isso. Nem mesmo o poder da nobreza hereditária ou do capital acumulado resiste à falta de conhecimento.

As recentes gírias que falam de “estar plugado”, “estar antenado”, ou “ser descolado”, retratam exatamente essa percepção pelas habilidades de estar a par das inovações, estar informado sobre as novidades em geral e de ser flexível e criterioso com as mudanças.

Muitos dizem que o Saber sempre foi o caminho mais coerente para o Ter, para o Fazer e para o Viver. Assim sendo, basta às pessoas que resgatem sua vontade em “aprender o mundo” e “com o mundo”, disto poderá surgir um futuro promissor.

Resta, no entanto, o outro lado da situação: como aprender? Com quem? De que forma? É nesse momento que se fala da importância dos educadores e da escola, na sua responsabilidade por permitir que se atinja esta plenitude de saberes.

Ao multiplicarmos uma educação desqualificada, está-se permitindo um afastamento entre o homem e o conhecimento e, portanto, entre o homem e seu próprio futuro.

Dessa forma é necessário que a sociedade invista na instituição escolar como base para esse objetivo comum que permite aos jovens adultos do amanhã seguirem suas vidas de um modo cada vez mais tranquilo.

Não há limitações para essa possibilidade, e desacreditar na escola é voltar às trevas e ao predomínio das injustiças.

(*) Mestre e Doutor em Educação pela PUCSP e Coordenador pedagógico da escola Ponto Cursos e Concursos

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