A difícil arte de educar

Artigo de Wilson Toshiro Nakamura, Professor por opção e por prazer.

Nestes dias em que comemoramos o Dia do Professor, convém mais do que nunca refletir sobre a nossa atividade docente, em especial no ensino superior, que é onde atuo há muitos anos.

Entendo que o papel do professor vai além de simplesmente transmitir alguns ou certos conhecimentos aos alunos, pois essa forma mecânica de encarar o processo de ensino não é adequada. O professor tem que ser, antes de mais nada, alguém que ajuda os pais na tarefa de ensinar aos jovens muitas coisas importantes na vida social, familiar e profissional.

Nós, professores, temos que assumir o nosso papel de formar os jovens na sua parte ética e moral. Para isso, temos que dar o exemplo. Mas, além do exemplo, são sempre bem-vindas as mensagens passadas pelo professor em sala de aula que levem os alunos a refletir sobre o que significa ser ético e moralmente correto em uma sociedade tão rude e dura como em que vivemos atualmente.

Cabe a nós, e não somente aos pais, argumentar com os alunos que vale a pena praticar o bem, ser socialmente responsável, ser generoso com os outros e leal com os colegas. Um ambiente competitivo de trabalho não pode fazer-nos cegos perante outros colegas e outros parceiros de trabalho. Mesmo que sejamos em um primeiro momento taxados de "bocós" ou ingênuos, vale a pena praticar o bem e a lealdade, sem concessões.

Outro ponto que vale a pena para nós, professores, é estarmos atentos quanto ao processo de aprendizagem, que os jovens precisam entender que é a única coisa que realmente funciona. Temos, nessa linha, que motivar nossos alunos também ao estudo individual, à leitura de muitos livros, não se deixando levar pela superficialidade e pela “cultura adquirida na internet e nos blogs”.

Profissionais bons não são necessariamente profissionais muito inteligentes, mas são profissionais com conhecimento. E conhecimento é um processo de persistência, paciência e dedicação, envolvendo muito mais transpiração do que inspiração. Temos que inculcar nos jovens a visão de que é muito importante na formação profissional e humana a leitura atenta e reflexiva de muitos textos e autores, preferencialmente, os indicados por alguém que possa orientar a esse respeito, que são justamente nós professores ou pessoas autodidatas com uma cultura avançada.

Bem, fico por aqui. Mas lanço a campanha para que cada um de nós, professores, consiga convencer pelo menos vinte por cento de nossos alunos (sendo pessimista), de que vale a pena ler pelo menos vinte livros por ano.

Isso mesmo! Vinte livros por ano. Livros focados nos nossos interesses profissionais e como cidadãos. Livros que nos ajudem profissionalmente e nos levem a meditar mais profundamente sobre as coisas da vida e da sociedade. Livros que nos concedam o alimento necessário para fazer nossa mente produzir uma energia intelectual que nos tornem diferenciados e prontos para encarar os mais diferentes desafios que a vida vai nos colocando.

(*) Wilson Toshiro Nakamura é professor doutor do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu da Universidade Mackenzie

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