O papel dos pais no sucesso dos filhos

Muitos pais deixam que seus filhos escolham por si próprios o seu futuro profissional

Maurício Sampaio (*)

Várias são as preocupações que os pais possuem em relação á formação de seus filhos, principalmente na adolescência: violência, estudos, amizades e futuro profissional. Essa fase é marcada por mudanças significativas; biológicas, hormonais e atitudinais.

Chegada a etapa da adolescência, mais precisamente no Ensino Médio, outra questão vem a tona: o futuro profissional. Uma grande parte dos jovens que está terminando os estudos passa a ficar mais preocupada com as suas escolhas, indecisa quanto a profissões e universidades, e seus pais com o seu projeto de vida.

Frente a esses desafios, muitos pais estão buscando fórmulas para ajudar a preparar seus filhos para uma nova fase da vida, mais propriamente dito para o mercado de trabalho. Muitos pais procuram por escolas consideradas fortes, com o "ensino puxado", como costumam dizer. Oferecem a oportunidade de estudo de uma segunda língua, quase sempre o inglês, por estar em uso em boa parte dos continentes.

Os que possuem mais condições financeiras enviam seus filhos para intercâmbio, ficando fora do país durante o período de seis meses a um ano para aprender uma segunda língua. Os pais investem em cursos de informática, cursos técnicos e em tudo que acharem que pode, de fato, contribuir para a preparação e o sucesso profissional dos filhos.

Mesmo com todas essas preocupações e investimentos, nem sempre as coisas dão tão certo como se imagina, pois muitos jovens desistem dos cursos superiores, abandonam a universidade logo no primeiro ano, refazem os cursos mais de uma vez, e aí começa a grande batalha.

Para se ter uma ideia, a evasão universitária chega a índice de 40% a 50%, sendo 30% relacionado aos cursos da USP (Universidade de São Paulo), uma das mais concorridas no Brasil.

Alguns relatórios analisados nos exames de vestibular das universidades públicas, como UFRGS e a UFSC, constataram que 25% a 30% dos alunos aprovados anualmente nos vestibulares já declararam ter iniciado antes um curso superior. São números impressionantes se levarmos em consideração os quase seis milhões de universitários. Fico pensando quanto tempo foi gasto e quanto dinheiro foi jogado fora. Questiono, ainda, o que poderia ter salvado essas estatísticas?

Ao longo dos meus atendimentos enquanto orientador educacional e vocacional, pude observar que um dos principais responsáveis pelo fracasso no processo de escolha profissional é a falta de apoio e atenção dos pais e a falta de realização de um trabalho preventivo.

Deixe-me explicar melhor: o pais não devem realmente apoiar tudo a não ser as boas causas, e dar apoio não significa dar dinheiro, comprar carro, pagar boas universidades, cursos e viagens. Um bom apoio significa suporte, estar lado a lado, conversar, buscar soluções juntos, validar as escolhas e não se omitir de uma responsabilidade conjunta.

Muitos pais deixam que seus filhos escolham por si próprios o seu futuro profissional, achando que está ajudando, sendo legal, porém boa parte dos jovens ainda não tem maturidade suficiente para tomar essa complexa decisão. Segundo pesquisa realizada pelo Portal Educacional, 65% dos jovens em fase de vestibular e escolha profissional procuram ajuda de seus pais e uma boa parte deles diz para seus filhos que escolham o que quiser!

Quando coloco que falta um trabalho preventivo, estou me referindo também ao sistema de ensino que está falho em vários aspectos, principalmente na preparação de seus alunos para o mundo do trabalho. Poucos são os casos de escolas que se preocupam com isso desde a infância. Você deve estar achando estranho, infância? Sim, desde sedo as crianças deveriam estar sendo preparadas, obviamente, obedecendo suas condições cognitivas e de desenvolvimento a lidar com aspectos fundamentais ao sucesso profissional, e isso não tem sido feito na maioria das instituições de ensino, infelizmente.

O novo mundo está apresentando um mar de oportunidades e possibilidades para as novas gerações, e os pais, podem e devem contribuir para que seus filhos tenham sucesso no futuro.

(*) Maurício Sampaio é autor dos livros Influência Positiva e Escolha Certa, ambos pela Editora DSOP. Também é empresário, educador, coach e especialista em orientação educacional e vocacional.

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