Grandes professores e educadores: Paulo Freire

Em homenagem ao Dia dos Professores, o ProfessorNews resgata a história de grandes educadores.

O primeiro homenageado da série Grandes Professores e Educadores é uma figura internacionalmente conhecida, quase mítica da história recente da educação: Paulo Freire.

Paulo Freire nasceu em Recife-PE, no dia 19 de setembro de 1921. Foi advogado, escritor, filósofo, professor, ou como ele gostava de ser chamado: “educador” Paulo Freire. Foi uma síntese da luta da andragogia contra o analfabetismo no Brasil. Freire não viveu o suficiente para ver o fim do analfabetismo em seu país, mas deixou um legado que foi seguido em todo o mundo, mais precisamente na América Latina e na África.

Em 1962, Paulo Freire, que ocupava o cargo de diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife, criou o Método Paulo Freire de alfabetização para adultos. O sistema consistia numa didática de 40 horas de aula sem cartilha, o que era incomum na época. Freire criticava o uso da cartilha, que determinava a repetição de palavras soltas ou de frases repetidas.

Com seu método, conseguiu, em 1963, alfabetizar 300 trabalhadores agrários da cidade de Angicos-RN, em apenas 45 dias. O então presidente da República, João Goulart, adotou o sistema do professor, convidado-o para criar a Campanha Nacional de Alfabetização, que tinha como meta a alfabetização de 2 milhões de pessoas em 20 mil círculos de cultura.

Método Paulo Freire:

Etapa de Investigação: busca conjunta entre professor e aluno das palavras e temas mais significativos da vida do aluno, dentro de seu universo vocabular e da comunidade onde ele vive.

Etapa de Tematização: momento da tomada de consciência do mundo, através da análise dos significados sociais dos temas e palavras.

Etapa de Problematização: etapa em que o professor desafia e inspira o aluno a superar a visão mágica e acrítica do mundo, para uma postura conscientizada.

Quando o projeto já estava em andamento, inclusive com o ingresso de seis mil pessoas só no antigo Estado da Guanabara (Rio de Janeiro), aconteceu o Golpe Militar de 1964, e que excluiu o programa. Em seu lugar, o governo instituiu o Movimento Brasileiro de Alfabetização, o popular Mobral, que era completamente contrário às ideias de Paulo Freire.

Como o sistema educacional de Paulo Freire consistia, entre outras coisas, em debates que faziam parte do dia a dia social e político dos trabalhadores, os militares taxaram-no de subversivo e o mantiveram preso por mais de 70 dias. Exilado, Paulo Freire viveu na Bolívia e no Chile, e publicou no Brasil, em 1967, a obra Educação como Prática da Libertade.

A repercussão do livro rendeu-lhe um convite para ser professor visitante da Universidade de Harvad (EUA) em 1969. Em 1968, Paulo Freire havia publicado a obra que o tornaria famoso em todo mundo: Pedagogia do Oprimido, que foi traduzida para várias línguas, mas só foi permitida no Brasil a partir de 1974, por ordem da abertura política proposta pelo presidente Ernesto Geisel.

Depois de morar na Inglaterra, Suíça, Guiné-Bissau e Moçambique, Freire voltou ao Brasil em 1980, um ano depois de conseguir a anistia. Em São Paulo, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT). Durante a gestão da então prefeita Luiza Erundina (1989-1993), Paulo Freire assumiu a pasta da Secretaria da Educação, onde um de seus projetos tornou-se notável na área: o Movimento de Alfabetização (MOVA).

Trata-se de um programa público de apoio a instituições comunitárias de educação de jovens e adultos, que ainda é adotado por algumas prefeituras em São Paulo. O professor faleceu em São Paulo, no dia 2 de maio de 1997, aos 75 anos. Hoje, a Fundação Paulo Freire mantém viva a memória do educador, com registros de seus pensamentos, métodos de ensino e filosofia de vida.

Fontes:

Instituto Paulo Freire (http://www.paulofreire.org/Capa/WebHome)

Projeto Memória (Projeto Memória)

 

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