Novos professores das federais não precisam ter pós-graduação

O assunto é polêmico no âmbito das universidades federais

ensino-supeerior2Em função da Lei nº 12.772, de 28 de dezembro de 2012, em vigor desde março deste ano, as universidades federais não podem exigir, em seus concursos, que o candidato a professor possua o título de mestre ou doutor. É suficiente que o candidato a professor seja apenas graduado.

Nesse caso, qualquer pessoa com o diploma de graduação pode concorrer a uma vaga de docente universitário. A lei gerou descontentamento em várias universidades do país. Em resposta, o Governo vai propor alteração da lei para exigir os certificados de pós-graduação, mas ainda não decidiu se mandará um projeto de lei ao Congresso Nacional ou se editará uma medida provisória.

O assunto é polêmico no ambiente das universidades federais. Na Federal de Pernambuco (UFPE), os departamentos de Química e de Física suspenderam os concursos por discordarem da nova lei. Em cumprimento à nova lei, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por exemplo, abriu concurso para 200 professores exigindo somente diploma de graduação (antes, a exigência era de pós-graduação).

O Brasil adotou a exigência dos títulos de mestre e doutor desde a década de 1990 para proporcionar melhor qualidade no ensino e na pesquisa.

Segunda a reportagem da Folha de S. Paulo (por Fábio Takahashi), a formação acadêmica dos 73,4 mil professores das universidades federais é como segue:

 - somente graduados: 5 mil

 - com especialização: 3,7 mil

 - com mestrado: 19,2 mil

 - com doutorado: 45,5 mil

 - Total: 73,4 mil

Como o assunto é polêmico, entrevistamos além do professor de universidade federal, um professor de universidade estadual e um professor de universidade particular. Confira a seguir o relato de cada um deles.

Professor Jairo de Carvalho Guimarães, coordenador do curso de Administração da Universidade Federal de Piauí (UFPI), tem a seguinte opinião: "Não sou contra a lei, que garante aos graduados o direito de lecionar em universidades federais, mas fico preocupado com a retirada de autonomia das universidades em determinar o nível mínimo de formação acadêmica para ser professor. O MEC avalia os cursos com base em certos indicadores, dando um peso importante para a titulação do corpo docente. Para manter a qualidade do curso, é necessário ter corpo docente qualificado, além de instalações adequadas; tudo isso para motivar os alunos", pondera.

Professor Silvio Miyazaki, da Universidade de São Paulo, espera que não ocorra a mesma coisa no âmbito das universidades estaduais. "Para fazer pesquisa com profundidade, é necessário que o pesquisador tenha uma formação acadêmica adequada, que é obtido com o doutorado. Com isso, a instituição consegue manter a qualidade do ensino e competir em nível global", disse enfaticamente.

Wilson Nakamura, professor do curso de doutorado e mestrado da Universidade Presbiteriana Mackenzie, é até favorável, porém sob determinadas condições: "Acho que um graduado competente pode ser um bom professor universitário, mas é necessário que se comprometa a fazer pelo menos um curso de mestrado dentro de determinado prazo, para melhorar sua formação acadêmica".

Reportagem: Equipe Professornews

Comentários   

0 # Silvio Pires 24-04-2013 12:06
Leciono desde 1995. Hoje, já ministrei mais de 15 disciplinas diferentes. Sou inteiramente de acordo com a Lei. Para ingressar num Banco Central ou numa Receita Federal, onde os salários são bem melhores que os de Professores, não é necessário ser Mestre ou Doutor, e nos deparamos com ótimos profissionais. Há muitos Mestres e Doutores sem nenhuma experiência de mercado.
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0 # Vitor Martin 24-04-2013 14:14
É esperado que um Mestre ou Doutor se saia melhor que um "graduado antigo" em uma prova escrita e/ou de aula prática. Verdade ou mentira ?
As Federais e Estaduais exigem Mestrados e/ou Doutorados e depois por falta de docentes coloca professores sem aderência para ministrar Estatística por exemplo.
O professor dá aula para a Graduação sem a menor aderência e/ou área de concentração.
Um Mestrado ou Doutorado em Estatística é um curso muito pesado, mas para dar aula na graduação acredito que um graduado em Estatística agregue ( dê aulas melhores; ensine melhor ) que um Mestre ou Doutor fora de sua área de concentração.
Concordo que o Mestrado e o Doutorado seja necessário para a "Pesquisa".
Na graduação, um professor graduado em Estatística seja melhor para alunos de Ciências Contábeis, Administração por exemplo.
Vitor Martin
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0 # bebelky 25-04-2013 18:25
Concordo em parte com esta lei, mas creio que precisamos de parcimônia, uma vez que a maioria das universidades a qualidade da formação é péssima; esta lei seria melhor, se o MEC fosse mais rígido com as fiscalizações. Caso contrário, como um profissional mal formado, formará outros? será uma bola de neve....
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0 # Ivcov 02-05-2013 18:48
Parece tudo tão errado.. Que tal recomeçar com a Paideia debaixo do braço?
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