Variação patrimonial: não caia na malha-fina

A análise da variação patrimonial é importantíssima para não cair na malha-fina

Planejamento tributário anda de mãos dadas com o planejamento e controle financeiro, lembrando que o planejamento tributário NÃO É sonegação tributária; muito pelo contrário.

O planejamento tributário consiste em agir corretamente e dentro das leis, porém aproveitando todos os benefícios legais possíveis. Nesse contexto, é importante analisar a VARIAÇÃO PATRIMONIAL do declarante pessoa física para verificar se não houve erro ou omissão de valores relativos a rendas ou pagamentos na Declaração do Imposto de Renda.

 

ANÁLISE DA VARIAÇÃO PATRIMONIAL

O vídeo Variação Patrimonial: não caia na malha-fina (link no final do texto) apresenta passo a passo como apurar a variação patrimonial e analisar se as rendas do ano são suficientes para cobrí-la.

 

Vamos desenvolver um exemplo prático, partindo de seguintes dados:

  EXERCÍCIO 2022 EXERCÍCIO 2023
VARIAÇÃO PATRIMONIAL Ano-calendário 2021 Ano-calendário 2022
Bens e Direitos 650.000,00 680.000,00
(-) Dívidas e Ônus Reais 20.000,00 12.000,00
(=) Patrimônio líquido 630.000,00 668.000,00

Os Bens e Direitos e as Dívidas e Ônus Reais do mesmo ano (2021 e 2022) estão organizados para apurar o Patrimônio Líquido, que é a diferença entre eles.

 

A variação patrimonial é apurada como segue:

(A) VARIAÇÃO PATRIMONIAL  
Patrimônio líquido 2022 668.000,00
(-) Patrimônio líquido 2021 630.000,00
(=) Variação patrimonial 38.000,00

 

Em seguida, apuram-se os Rendimentos Líquidos com base em dados do RESUMO da Declaração de IRPF. 

(B) RENDIMENTOS LÍQUIDOS  
Rendimentos tributáveis 102.000,00
(-) Deduções 26.775,08
(=) Rendimentos líquidos 75.224,92
(+) Rendimentos isentos e não tributáveis 11.400,00
(+) Rendimentos sujeitos à tributação exclusiva/definitiva 7.300,00
(±) ... 0,00
(=) Rendimentos líquidos provisórios 93.924,92
(-) Pagamentos não dedutíveis declarados 5.800,00
(=) Rendimentos líquidos finais 88.124,92

 NOTA: alguns pagamentos declarados não aparecem no resumo da declaração por não serem dedutíveis.

 

Os pagamentos não informados na Declaração do IRPF devem ser levantados.

(C) PAGAMENTOS NÃO DECLARADOS (principais itens)
Despesas de condomínio 9.600,00
IPTU 4.500,00
IPVA 2.000,00
IRPF pago em 2022 2.800,00
Seguro de automóvel 3.500,00
Cartão de crédito 16.500,00
Total 38.900,00

Além dos valores acima listados, existem outros valores debitados no extrato bancário, como, por exemplo, tarifas bancárias.

 

Deduzindo dos Rendimentos Líquidos os pagamentos não declarados, obtém-se um valor que DEVE SER SUFICIENTE para cobrir a VARIAÇÃO PATRIMONIAL.

(D) SOBRA DE CAIXA  
Rendimentos líquidos (B) 88.124,92
(-) Pagamentos não declarados (C) 38.900,00
(=) Rendimentos líquidos antes da variação patrimonial 49.224,92
(-) Variação patrimonial 38.000,00
(=) Sobra de caixa 11.224,92

Caso o valor dos rendimentos líquidos antes da variação patrimonial seja menor do que o valor da variação patrimonial, devem ser revisados os valores dos rendimentos e dos pagamentos.  

 

 

E, por fim, apura-se a Sobra de Caixa do ano, que é dividido por 12 para saber o valor médio mensal.

(E) GASTOS MENSAIS DIVERSOS  
Sobra de caixa 11.224,92
(¸) Meses do ano 12
(=) Pagamentos mensais em dinheiro 935,41

 

O valor médio dos pagamentos mensais em dinheiro é razoável? Essa é a pergunta que deve ser feita (e respondida).

Se todos os pagamentos são feitos por meio do cartão de crédito e da movimentação bancária, o PAGAMENTO EM DINHEIRO pode ser razoável e adequado ao padrão de gastos do contribuinte. Ou não, dependendo do caso.

 

Mais informações no vídeo Variação Patrimonial: análise passo a passo.

 

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