É mais fácil ser professor no Brasil ou em Portugal?

Na semana que comemora o Dia do Professor, o primeiro entrevistado é o Prof. Edson Zogbi, que fala sobre o mundo acadêmico de Portugal.

 O Prof. Edson Zogbi foi professor de pós-graduação da ESPM e da Faculdade Trevisan. É autor de livros e DVDs sobre marketing e gestão de inovação. Atualmente, tem uma empresa de consultoria na área de marketing em Portugal (veja mais detalhes ao final da entrevista). É assinante e leitor assíduo da newsletter ProfessorNews. O ProfessorNews venceu as fronteiras geográficas e foi conversar com o Prof. Edson Zogbi.

PN - O senhor foi professor universitário durante vários anos no Brasil e está lecionando temas de sua especialidade em Portugal há cerca de quatro anos. É mais fácil ser professor no Brasil ou em Portugal?

Ser professor não é fácil em nenhum lugar, se olharmos sob a ótica do trabalho em si, que tem que ser interessante, dinâmico e profundo. Sob a ótica financeira, aqui é melhor: um salário mínimo vale R$ 922,00. A carga horária anual é menor, apesar de eu discordar,e o professor tem mais dias livres do que no Brasil.

PN - As dezenas de vídeos produzidos no Brasil (em português do Brasil) podem ser normalmente utilizados em suas aulas e treinamentos em Portugal?

Sim. Mas é divertido porque quase 50% dos termos são diferentes. Costumo dizer que os brasileiros e portugueses se entendem, por simpatia e, assim, consegue-se aprender. Por exemplo, ninguém sabe aqui o que quer dizer varejo (aqui, retalho), demanda (aqui, procura), veiculação (aqui, divulgação) etc. 

PN - Para ser professor universitário no Brasil, é necessário pelo menos a formação em pós-graduação lato sensu. Qual é a titulação acadêmica minimamente exigida em Portugal?

Mestrado. Atualmente estão a fazer upgrade para Doutorado (aqui, doutoramento, hehe). Mas existem exceções, como em casos mais antigos ou de notoriedade.

PN - A crise financeira internacional que está ocorrendo na Europa atualmente apresenta oportunidade de carreira para um professor?

R: Crise é um termo genérico que tenta traduzir a competitividade causada pela demografia numa única palavra. Por aqui, vejo empresas crescendo e evoluindo; outras, menos competitivas, diminuindo e fechando; mas não vejo relação direta com oportunidade para professores. O mercado aqui é estável, a população não cresce há décadas. Então, só o professor que tem uma especialidade diferenciada é que ganha espaço, como é o meu caso.

PN - Aqui no Brasil, existem piadas sobre os portugueses. E, aí em Portugal, deve haver “reciprocidade” (risos). O senhor lembra de alguma piada ou curiosidade relacionada ao mundo acadêmico português?

É interessante; os portugueses amam os brasileiros, e não fazem piadas deles. Fazem entre pessoas de regiões diferentes do próprio país, do tipo: um português do norte fala do alentejano; o da Madeira fala de quem é de Porto Santo etc. Não conheço piada sobre professor ou aluno daqui; fiquei até curioso e, por falar em curiosidade, as notas aqui vão de 0 a 20, e não de 0 a 10. Logo, os portugueses tiram dobro em notas do que os brasileiros (risos). 


Breve currículo do Prof. Edson Zogbi

Especialista em Gestão da Inovação, Planejamento e Marketing do Comércio e Consumo. Diretor-geral da Poliscenário (www.poliscenario.com); consultor e diretor de projetos da RHmais, em Lisboa. Conselheiro de marketing e inovação; conferencista, professor e autor de cinco livros e 33 DVDs didáticos (atualmente, o maior conteúdo publicado sobre planejamento e marketing do varejo/retalho do Brasil).

Blog:http://edsonzogbi.blogspot.com.


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