O sistema educacional ainda não sabe produzir líderes e bons gestores
Antônio Carlos Musa Junior (*)
Por todo o mundo, em todos os ambientes corporativos, existe uma convicção: há escassez de boas lideranças. E não é força de expressão. Ocorre que liderar hoje não é o mesmo que há alguns anos. Em um contexto de mudanças imprevisíveis e extremamente velozes, os atributos dos líderes também se transformam.
Se, há 20 anos, bons líderes eram aqueles profissionais dotados de forte senso de hierarquia, capazes de manter um empreendimento funcionando com regularidade e de forma estável, hoje, as empresas procuram gestores com outras qualidades – por exemplo, a competência de enfrentar com agilidade situações novas, com alto poder de comunicação e mobilização, capazes de montar equipes muito motivadas, articulando um repertório diverso de competências.
Isso vale tanto para as empresas de ponta na área de tecnologia, como para as instituições educacionais – e é delas que estamos falando.
O tempo de esperar pacientemente o surgimento de lideranças naturais passou. Hoje, todos os empreendimentos exigem uma busca contínua e consciente por boas lideranças. É preciso que as escolas também passem proativamente a buscar e a formar pessoas capazes, dotadas das características do líder contemporâneo.
Não há uma fórmula pronta para isso. Existe, sim, uma atitude de estar aberto a essa demanda. É preciso que os diretores, coordenadores e outros gestores da educação vejam com muito senso de urgência esse desafio. Em primeiro lugar, é preciso que invistam em si próprios como gestores, buscando novas informações, requalificando-se e aprimorando-se. Isso significa que aqueles que ocupam hoje cargos de gestão precisam ver a si mesmos como profissionais em desenvolvimento – e não como antigos líderes prontos e acabados.
Apenas isso não basta. Liderança é uma cultura empresarial, e não um dom de poucos. Por isso, tornou-se saudável, no ambiente escolar, criar um contexto de valorização de lideranças positivas. Um bom gestor deve abrir espaço para que surjam novos líderes e, quando for o caso, precisa também procurar identificá-los fora do ambiente da escola.
Em um contexto de extrema competição, em que o sistema educacional ainda não sabe produzir bons líderes e gestores, as escolas que ignorarem essa tendência contemporânea correm o risco de se tornarem instituições pesadas, lentas demais para acompanhar ao mesmo passo as transformações econômicas, políticas e culturais que envolvem a todos.
(*) Antônio Carlos Musa Junior é diretor comercial do Ético Sistema de Ensino e do Agora Sistema de Ensino, da Editora Saraiva.
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