Volta da Educação Moral e Cívica já!

Entidade paulista luta para restituir o conceito de cidadania aos jovens

mauricio miyazaki ipdasPara as gerações de estudantes brasileiros das décadas de 1970 e 1980, era comum cantar o Hino Nacional antes de entrar em sala de aula, assim como declamar os louvores à Bandeira Nacional e comemorar os feriados da Independência e da República.

Resquício de um passado que já parece distante, muitos profissionais da educação, instituições de ensino, grupos acadêmicos e pais de alunos sentem a falta desses hábitos e clamam pela sua volta nas escolas.

Por isso, o Instituto Paulista de Desenvolvimento e Assistência Social (IPDAS), organização sem fins lucrativos, em São Paulo, sugere, além da volta desses costumes cívicos, a reintegração das disciplinas Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira (OSPB) nas escolas do Estado de São Paulo. A entidade tem meta de levar um projeto de lei para ser apreciado na Assembleia Legislativa.

De acordo com o presidente do IPDAS, Maurício Miyazaki, há necessidade da volta dessas disciplinas para recuperar alguns valores de cidadania e pela importância de fazer com que os jovens entendam mais sobre si mesmos e, com isso, compreender a conjuntura política e social do País.

“Os jovens dos anos 70 e 80 eram mais politizados. A geração do 'Diretas Já' (1983-1984) sabia o que queria, conhecia a democracia, a liberdade para escolher os seus governantes. Recentemente, os jovens lutaram pelo abatimento de R$ 0,20 nas passagens de ônibus e metrô, e depois, permaneceram nas ruas para quê? Nem eles mesmos sabem. A volta das matérias de Estudo Moral e Cívica e OSPB servirá para os estudantes terem uma consciência de cidadania e passar a lutar e enxergar os problemas do Brasil, para poder trabalhar pelo seu melhoramento”, afirmou.

Instituídas na época do Regime Militar (1964-1985), o estudo da Educação Moral e Cívica e OSPB, assim como Integração Social e Prática de Escritório (as duas últimas, apenas em algumas regiões do País), figuraram como matéria obrigatória nas escolas de todo o Brasil. Com a abertura da democracia em 1985, essas matérias foram excluídas da grade escolar e o povo criou uma certa ojeriza a tudo que havia sido imposto na época do Governo Militar. Mesmo assim, Maurício Miyazaki acredita que a reimplantação dessas disciplinas pode ganhar força no País.

mauricio miyazaki1“O que nós sugerimos é a volta dessas disciplinas, mas sem aquela rigidez da época do Regime Militar. Não queremos que os estudantes jurem a bandeira e cantem o hino nacional todos os dias, mas que façam isso pelo menos uma vez por mês. Também é interessante a presença de policiais militares dentro das escolas, para que todos saibam que há ordem nas instituições públicas. Já ouvi muitos professores lamentando que Moral e Cívica e OSPB fazem falta à grade escolar, pois é difícil argumentar com os alunos certos assuntos históricos e sociais”, explicou.

Além do IPDAS, há outros grupos no País que pedem a volta das disciplinas, como o Mundo Jovem, periódico vinculado à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS); e professores do Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá (UEM), por exemplo. Miyazaki acredita que o Estado de São Paulo pode inspirar os demais da federação a tornar uma lei federal o retorno dessas disciplinas.

“São Paulo tem mais de 5.300 escolas, 230 mil professores, é um Estado com recursos (mais do que outros Estados), e por que não temos qualidade na educação? Se nossa proposta for aceita, os grupos de outros Estados terão suporte para conseguir o intento”, disse.

Para o presidente do IPDAS, um grande exemplo do conceito de “cidadania” do jovem atual são as ondas de protestos que explodem em toda a nação, principalmente, aqueles que poderão acontecer na época da Copa do Mundo, dentro de alguns meses.

“Aquela antiga ideia de que ‘Brasileiro só é patriota em época de Copa’ nem existe mais. Isso porque, no ‘País do Futebol’, os jovens vão às ruas com o seguinte slogan: 'Não vai ter Copa'. De forma coletiva, o Brasil não vai ganhar nada com a Copa, não vai ter hospitais e escolas de qualidade, por exemplo. É nisso que o jovem deve se agarrar, saber seus direitos, mas muitos não sabem seus deveres”, sentenciou.

Para Miyazaki, as preocupações dos jovens de hoje são diferentes das da geração dos anos de 1980. Dá um exemplo: “O IPDAS realiza palestras motivacionais em escolas públicas. Numa delas, um jovem me disse que seu sonho era comprar um tablet, ou seja, os jovens hoje preocupam-se com o imediatismo, com o consumismo. Para ele, o sonho era comprar o tablet, mas não pensou em meios para realizar seu sonho. Nas gerações mais antigas, o sonho era 'tornar-se alguém', para poder realizar seus sonhos de consumo".

"Nós vivemos numa geração em que o consumismo está aflorado, a juventude é facilmente manipulada pela internet. Na nossa geração, os ‘Caras Pintadas’ foram às ruas contra a corrupção; hoje, existem os ‘rolezinhos’, onde os jovens se preocupam em conseguir um status social que nada fazem para alcançar. É comum escutar nas escolas algo como: ‘não preciso estudar; vou passar de ano mesmo’. Isso é muito triste, e sempre digo nas palestras: como vocês querem ser alguém na vida, se vocês não sabem nem quem são?”, encerrou Mauricio Miyazaki.

 

Reportagem: Equipe Professornews

Fotos: Alexandre César

 

Comentários   

0 # Prof. Rui G. Santana 21-03-2014 14:41
Concordo plenamente com os pensamentos do presidente do instituto, Sr. Mauricio Miazaki, quanto a falta de sonhos objetivos dos jovens de hoje.

Estão muito manipulados pela mídia de consumo.

A disciplina Educação Moral e Cívica e a antiga OSPB, desde que modernizadas, serão muito proveitosas para nossos alunos de hoje.
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0 # Mauricio Miyazaki 22-03-2014 09:50
Caro professor Rui.

Muito obrigado por compartilhar do nosso pensamento. Claro que sera necessario uma revisao no conteudo a ser lecionado para a atualidade.
Mas creio que estamos concordando com o conceito da moral e da cidadania.
Abracos.

IPDAS
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0 # Karina Petruskas 21-03-2014 16:14
Apoiado!
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0 # Alice S. 22-03-2014 22:50
Li o texto e fiquei na dúvida...
Como sou da velha guarda, tive aulas obrigatórias em três ocasiões distintas.
A que tive na época da pós-graduação achei legal, pois já tinha discernimento suficiente para saber o que era bom e ruim para mim e para a sociedade e, não tinha aquele ranço da época da ditadura militar.
Mas agora, com o patrulhamento da esquerda em vigência, fico apreensiva com a obrigatoriedade...
Tudo que me é imposto como coisa obrigatória, me assusta.
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0 # Patricia Sarmento 23-03-2014 10:23
Concordo plenamente com Alice S.
Também passei pela fase da obrigatoriedade de Educação Moral e OSPB (Organização Social e Política Brasileira).
Nos dias de hoje, acho que foi bom, mas na época parecia uma coisa "empurrada", forçada.
Acho que precisa tomar cuidado para não parecer somente a vontade de uma minoria que quer dominar o País.
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0 # Carlos Alberto B Bastos 24-03-2014 13:04
Precisamos, não apenas unificar numa só disciplina os conteúdo de EMC, OSPB e EPB... Mas, principalmente, informar aos nossos estudantes de onde vem os recursos públicos (Educação Fiscal)e, explicar como são (ou deveriam ser...) aplicados os recursos da educação segundo o FUNDEB e outras Políticas Públicas...
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0 # Lauro Kaspar 25-03-2014 19:29
Cada vez mais, devido a disseminação não crítica e a velocidade das informações interferindo na formação dos jovens e também considerando que atualmente as famílias ou núcleos familiares estão menos atentos as novas gerações, me parece muito boa a ideia de se introduzir uma matéria que tratasse da "cidadania" e que abarcasse a educação moral e cívica e das questões atualizadas sobre ordem social e política. Seria muito bom!!
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0 # Prof. Marcelo Luiz 26-03-2014 06:11
Concordo com a ideia de voltar, pois nossa população anda carente de conhecimento sócio-politico. O que vemos atualmente como "manifestações" é apenas um motivo para criar desordem. Por exemplo, qual foi resultado dessa última, diminuiu o valor da passagem e os protestos contra corrupção ficou por isso mesmo.
Outro detalhe, quando você falou sobre os cara pintadas, na minha opinião isso foi uma demostração que o brasileiro pintou a cara para ser palhaço, pois Collor continuou no poder. Se funcionasse nunca seria reeleito, mas estamos numa nação que vive de big brother, e de outras futilidades, política é a ultima coisa a se pensar.
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0 # Tarcísio S. Perez 26-03-2014 13:20
Parabéns à iniciativa do Instituto.
Os jovens estão precisando aprender um pouco de educação.
Acho que, se forem bem estruturadas, essas disciplinas sugeridas pelo Sr. Mauricio Miyazaki podem servir para que os jovens adquiram efetivamente o patriotismo e orgulho de ser brasileiros.
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0 # Prof. Thadeu Ramos 26-03-2014 15:35
Entendo que a ideia é muito boa e oportuna.
Mas entendo, que deveriam ser mudados os nomes das disciplinas.
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0 # Sandra Masini Knopf 26-03-2014 16:29
Olá.
Como professora atuante há mais de 3 décadas, já vi um pouco de tudo na Educação brasileira.

Quanto à volta da Educação Moral e Cívica, creio que demorou muito para se perceber os descaminhos que a educação tomou. Primeiro, o ECA, que veio destruindo valores da nossa sociedade e foi de forma errônea implantado na Nação. Como retomar Educação Moral e Cívica com um Estatuto para menores que mais me parece um portal da criminalidade?

Outra época, tínhamos a decência e amor à Pátria. Não creio que apenas pelo regime militar instituído, mas pelo sentimento de AMOR mesmo, ao Brasil. Nossa família também era outra. Pai provedor, mãe cuidadora do lar e da educação e filhos criados sabendo seu lugar na família e na sociedade.

Hoje, como é mesmo nossa família? São várias as famílias que temos. Oportunizando que a família mudou, como dizer que professor não é educador? Já tem anos que somos sim, quase que os únicos tentando dar algum direcionamento a muitos jovens que encontramos nas salas de aula. Pais separados, filhos revoltados e um mundo alucinógeno cercando a juventude brasileira.

Educar, no meu modesto entendimento, é criar oportunidades de conversar sobre todos os assuntos, incluindo violência, drogas, prostituição, gravidez indesejada. Foco num futuro melhor, juventude sadia e atuante, amores; enfim, temas que venham de encontro aos anseios dos jovens. Portanto, de certa forma, creio que sou uma educadora apaixonada pelos alunos que tenho.

Voltar aos modelos das décadas de 70 e 80 seria acreditar, no meu humilde ponto de vista, uma utopia. Vivíamos no Regime da ditadura militar. Éramos enfileirados, cantávamos o hino nacional, respeitávamos os mestres e, acima de tudo, acreditávamos que nossos dirigentes (mesmo sendo militares), erguiam uma grande Nação!

Hoje, o que vemos é um descrédito generalizado a começar pelos péssimos exemplos que os administradores do país dão ao povo. Corrupção deslavada, políticos descomprometidos com o país e também como o povo que os elegeram, povo ignorante e apenas querendo se dar bem (Bolsa Família e cia.), e por aí vai!

O que realmente acredito é que estamos num momento muito, mas muito difícil mesmo! Precisamos resgatar valores, resgatar o amor inexistente entre nossos jovens e suas famílias (na sua grande maioria), resgatar que necessariamente, algo de melhor deva ocupar o lugar das miseráveis DROGAS, dando amor, conteúdo que realmente faça a diferença na vida dos alunos, aulas mais dinâmicas, salários mais justos e que valham a pena continuar formando para professor. Caso contrário, acredito que ficaremos fingindo que um dia essa Nação será gigante, apenas na letra do Hino.

Qualificar o professor do curso Básico, Fundamental e Médio é ter a certeza que estaremos encaminhando melhor os alunos para o curso superior.

SANDRA MASINI KNOPF.
EDUCADORA, CAPACITADORA EDUCACIONAL E PROMOTORA DE EVENTOS CULTURAIS.
PROFESSORA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE POÇOS DE CALDAS/MG
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0 # Jorge Miranda Junior 31-07-2014 14:22
Precisamos unir esforços para mudar este país para melhor! É necessário a volta de uma matéria similar ao antigo OSPB, mas com um enfoque atual, moderno, e contextualizado com o mundo em que vivemos, onde o objetivo é ensinar aos jovens, conceitos e valores fundamentais na vida moderna (ex: cidadania, vida em família e em sociedade, uso e reuso consciente dos recursos naturais, estrutura política brasileira, educação financeira). Não se trata de ensinar a ser patriota, mas de embasar com conhecimento e formar um ser-humano com maior capacidade de entendimendo, interação, crítica e atuação com o mundo à sua volta.
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0 # renato carvalho 09-08-2014 09:36
Sou professor de Educação Moral e Cívica, e de OSPB.
Onde devo procurar trabalho ?
Grato.
Att,
Renato Carvalho.
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0 # José Alves Alves 20-09-2014 01:24
A volta das disciplinas E.M.C. e O.S.P.B. é uma Ideia construtiva,pois o estudante brasileiro deve ter conhecimento sócio-político do seu País.Fica melhor para o exercício da sua cidadania.Será ótimo se acrescentasse também, o Ensino da Bíblia, que também nos educa a praticarmos:"o Amor e Respeito a Deus, aos Semelhantes, aos Pais, a Família, as Autoridades Constituídas por Lei", entre outros valores que todo ser humano precisam conhecer e praticar. É importante frisar que estou sugerindo conhecimento da Bíblia, e não ensino religioso, pois religião para mim, é um verdadeiro comércio. Abraços!
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0 # Meri Paixão 20-09-2014 22:31
Parabéns pela iniciativa.
Concordo plenamente com a volta das disciplinas.
Como professora, sempre lembro os meus alunos sobre estas disciplinas importantes para o desenvolvimento do cidadão.
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0 # angela soares 02-02-2015 21:07
se essa matéria não tivesse sido abolida não teria tamanha rebeldia nas escolas .
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0 # Robson Santos Costa 08-04-2015 20:05
Pelo amor de Deus, acho que quem escrever aqui não sabe o que são a Sociologia, a História e A Filosofia. Moral e Cívica e OSPB não poderiam nem ser chamadas de disciplinas, pois não são ciência. Eram modos de manter uma sociedade do controle. A extinção de Filosfia e Sociologia em 1971 pelo Regime é o que formou duas gerações de pessoas que pensam somente pelo senso comum. Cidadania, ética, etc...são discutidas, de forma científica, com base científica, na Sociologia, além de estrutura social, relações sociais, etc. São disciplinas que forma o pensamento critico e reflexivo de forma real. Acredito que esse professore nem sabem do que se trata a Sociologia e a Filosofia, pois se são de outras áreas nem as tiveram no segundo grau. Ainda bem hoje vejo alunos de 14 anos pensando criticamente a sociedade, discutindo Foucault, Bourdieu, Baumann, discutindo cidadania, direitos e deveres, relações sociais, de forma científica e não doutrinária. Tudo o que vocês acham que acabou estão na Sociologia, na Filosofia e na História de verdade, como ciência (não a História decoreba de datas do Regime).
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0 # JUSTINO AMORIM DA SILVA 27-06-2015 23:40
Não vejo a necessidade da volta as escolas desta disciplina OSPB, tal disciplina entrou no lugar da Sociologia que por ser uma disciplina crítica de sua realidade social incomodava e ameaçava o poder militar assim como incomoda atualmente a sociedade que ai estar. Precisamos valorizar o ensino da Filosofia e da Sociologia no ensino Brasileiro, isso sim é fundamental. Outro ponto precisa se valorizar o profissional Sociólogo, elaborar concursos públicos para sociólogos em todas as instância públicas do País.Isso é o precisamos tornar pessoas conscientes e críticas a sua realidade social. Agora de fato a Filosofia e a Sociologia incomoda os coronéis, os conservadores, os políticos corruptos, os fundamentalista religiosos, incomoda todos aqueles que tem como projeto a escravidão e alienação da nação. Nisso a Sociologia e Filosofia Incomoda e perturba um sociedade de coronéis, de corruptos e de hipócritas.
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