Terça, 14 Janeiro 2014 17:41

Seminário da Asebex apresenta aulas de etiqueta japonesa

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Ex-bolsistas comentam suas experiências e aprendizados no Japão

koshikai 13.01 palestra2O seminário promovido pela Associação Brasileira de Ex-Bolsistas no Japão (Asebex), o Koshukai, apresentou na última segunda-feira (13), aulas sobre etiqueta e cultura japonesa, que servirão para futuros bolsistas e estagiários que desenvolverão estudos e pesquisas no Japão.

Ministrado pela economista e professora Lumi Toyoda, que também é especialista em etiqueta empresarial, o curso é de extrema importância para nikkeis (descendentes de japoneses) e não descendentes que planejam estudar ou trabalhar na Ásia, bem como manter relações comerciais com japoneses.

“Viajei ao Japão pela primeira vez em 1966 num grupo de 80 pessoas, entre descendentes e brasileiros natos. Do grupo, eu era quem melhor falava o idioma. Mas, mesmo assim, senti dificuldades com alguns hábitos de japoneses que eu desconhecia aqui no Brasil. Sou filha de japoneses e aprendi muito a cultura dos meus pais aqui, mas não sabemos tudo. Por isso, decidi organizar um curso de história, cultura e etiqueta japonesa para auxiliar pessoas que pretendem viajar para lá. Em nosso restaurante de comida macrobiótica, meu sócio me convenceu a introduzir a culinária oriental. Os clientes gostaram e pediram para eu falar sobre a cultura e a história do Japão. Com o tempo, desenvolvi um curso que aborda os costumes, hábitos e rituais de várias regiões do Japão”, disse Lumi Toyoda.

koshikai lumi toyoda"O curso sobre etiqueta e cultura japonesa que montei para ajudar no relacionamento com os empresários japoneses começa com história e geografia, pois são elementos necessários para compreender os hábitos e cultura de um povo. Diferentemente do Brasil, com vasta extensão territorial, o Japão, do tamanho do Estado de São Paulo, é composto por quatro ilhas principais e cerca de 4 mil ilhas menores, tendo 80% de montanhas e cordilheiras e 20% de terras cultiváveis. A cultura japonesa é bastante flexível, combinando as tecnologias mais modernas do mundo com as tradições mais antigas do mundo: lá é 'oito e oitenta' e não 'oito ou oitenta'. No caso das religiões, 70% dos japoneses são xintoístas e 70% são budistas, totalizando 100%. Não é erro de soma, não! É que muitos aceitam e praticam as duas religiões lá", ensinou a professora Lumi.

Para os ex-bolsistas, as aulas de etiqueta são tão essenciais quanto aprender o idioma, como é o caso da biomédica da Yakult, Juliana Saito Watanabe, que esteve no Japão em 2003.

koshikai 13.01 juliana“Os japoneses estão acostumados a receber estrangeiros e descendentes de todos os países; por isso, não são tão exigentes quanto à etiqueta dos bolsistas, mas admiram muito quando algum deles demonstra conhecimento. Pela aparência, não diziam que eu era estrangeira, mas ao falar, me perguntavam se eu era coreana, chinesa, taiwanesa, menos japonesa. O que eu já fazia em casa eu fiz por lá, que é tirar os sapatos antes de entrar em casa, agradecer antes e depois das refeições, dizendo a expressão “itadakimasu” (ao iniciar a refeição), por exemplo. Antes de sair do Brasil, tive as aulas de etiqueta, mas não precisei muito, porque minha família aqui no Brasil é muito tradicional. Meu pai é muito severo e exige que nossos costumes sejam preservados e mantidos. Só não falamos japonês em casa porque minha mãe prefere falar em português”, disse entre risos, Juliana Watanabe.

koshikai 13.01 carolinaNo entanto, outra ex-bolsista nikkei, a fisioterapeuta Carolina Hirayama, trouxe hábitos do Japão que não possuía em sua vida pessoal. “Fui estagiar no Japão em Fisioterapia Pediátrica em 2012 e aprendi muitos bons valores, de como cumprimentar as pessoas de modo adequado, como apresentar o seu cartão de visita e outras regras de cortesia. Mas teve algo valioso que eu trouxe de lá: a pontualidade. Brasileiro não gosta muito de chegar na hora marcada. No Japão, é uma grande falta de respeito quando você marca com seu professor e aparece depois. Eu sempre chegava bem antes para evitar uma gafe. Hoje, me sinto incomodada e até ofendida com pessoas que marcam compromisso comigo e demoram a aparecer. Outra diferença é o respeito que as instituições têm com os usuários. Os trens lá funcionam com horário cronometrado rigorosamente em escala de minutos. Aqui no Brasil, os metrôs atrasam e, se param por algum motivo, a viagem é interrompida por um longo tempo”, avaliou Carolina.

Já entre os futuros bolsistas, há um não descendente que objetiva ir ao Japão para sua ponte de sucesso na carreira de Engenharia da Computação: o estudante do ensino médio Theodosio Banevicius.

koshikai 13.01 theodosio“Estou terminando o terceiro ano e quero me formar em Engenharia da Computação para estagiar no Japão, pois o Japão é líder mundial nesse segmento. Ainda não sei muito sobre os hábitos e costumes, mas esse curso está sendo proveitoso para mim. Há um ano, estou estudando japonês, e quando vejo algo novo, pergunto ao meu professor para tirar a dúvida, pois não posso viajar sem saber nada do país. O que mais quero no Japão, além dos estudos, é dialogar com as pessoas num japonês fluente e estudar sua cultura”, explicou.

Para Lumi Toyoda, ainda há costumes da época do Japão Feudal que são mantidos até hoje, e que seus alunos precisam estar preparados para encará-los quando lá desembarcarem.

“Na época dos xoguns, dos samurais, uma família era regida pelo pai, o homem da casa. Existia uma hierarquia de classes na sociedade produtiva da época, como os senhores feudais, o samurai, o agricultor, o artesão e o comerciante (nessa ordem de importância). As demais profissões e classes eram consideradas mais baixas ainda. Mas costumo dizer que há hábitos simples em que os japoneses não mudarão nunca, que é tirar os sapatos antes de entrar em casa ou na empresa; o respeito e o culto do homem em relação à natureza; a forma de pensamento que acompanha a mudança das quatro estações do ano, já que eles se programam com muita antecedência para a estação seguinte e, sobretudo, a forma de como se cumprimenta uma pessoa”, disse.

As diferenças entre os graus de curvatura em reverência japonesa não são muito notadas pelos ocidentais, e a Lumi demonstrou as diferenças.

koshikai 13.01 palestra“A reverência, por exemplo, se formos cumprimentar na posição de 15º, é como se disséssemos um 'oi'. Caso nos curvemos num ângulo de 30º, queremos cumprimentar de modo mais formal. Agora, se vamos até os 45º, significa que estamos cumprimentando pessoas muito importantes, como seu professor, por exemplo, ou então, é uma reverência em momentos especiais”, finalizou a professora.

O Koshukai estará sendo realizado diariamente pela Asebex, até 31 de janeiro, no salão da Associação Cultural e Assistencial Iwate Kenjinkai do Brasil, em São Paulo.

Fotos e texto: Alexandre César

Read 4657 times Last modified on Terça, 14 Janeiro 2014 18:25

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