Segunda, 19 Agosto 2013 00:00

Editora Atlas lança o e-book As Mudanças no Mundo do Trabalho do Jornalista

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Autores discorrem sobre tendências da profissão, tecnologia e empregabilidade nas empresas

lançamnto ebook mundo dos jornalistasNa última quinta-feira (15), a Editora Atlas realizou o evento de lançamento do e-book As Mudanças no Mundo do Trabalho do Jornalista na Livraria Martins Fontes em São Paulo (Roseli Figaro, Cláudia Nonato, Rafael Grohmann – Editora Atlas, 1ª edição, 336 p., R$ 47,00). Na foto, Roseli Figaro (ao centro), Cláudia Nonato e Rafael Grohmann.

A ocasião contou com a presença de estudantes de Comunicação e jornalistas. O livro traz uma perspectiva sobre a profissão no Jornalismo e Comunicação em geral, como as novas tecnologias, o papel da nova imprensa digital e o surgimento da ação do cidadão na cobertura de eventos nas redes sociais. Além disso, a obra também argumenta sobre as condições de trabalho dos profissionais da imprensa nacional.

lançamnto ebook mundo dos jornalistas2O Portal Professornews conversou com os autores, que abordaram temas tratados no livro.

Professornews: O mercado de jornalismo está cada vez mais saturado, pois são inúmeras as faculdades que oferecem o curso; além disso, há uma crise na área, pois existem milhares de profissionais que estão desempregados. Afinal, ainda vale a pena ser jornalista no Brasil?

Roseli Figaro: Sim, claro que sim. Mais do que nunca, a sociedade necessita de jornalistas bem qualificados, porque, hoje em dia, existe mais uma preocupação dos veículos em oferecer um material de “jornalismo-entretenimento” do que o básico, que é informar. O que necessitamos é fazer com que os mais jovens, os que entram na faculdade, desmistifiquem a visão romanceada do jornalismo, de que vão enriquecer, que vão conhecer pessoas famosas o tempo todo, que estarão sempre bem-vestidos e confiantes numa entrevista. Quando se entra na faculdade é aquele glamour, falar a verdade, mudar o mundo e denunciar as mazelas que acontecem na sociedade, e nem sempre é do jeito que imaginam.

Professornews: Com o advento da internet e agora com as redes sociais, a sociedade parece ter tomado gosto de fazer vídeos e fotos do que acontece no mundo ao seu redor e publicar. Isso, de alguma forma, prejudica as empresas de comunicação, e mais ainda, prejudica a carreira de quem estudou para isso?

Roseli Figaro: Qualquer um pode passar o seu recado, pegando um megafone, subindo num banquinho e gritando no meio da Praça da Sé, mas quem vai parar para escutar? Acho os blogs, as redes sociais e pequenos sites muito válidos, mas precisam de conteúdo, a mensagem precisa de qualidade, porque se não, corre o risco de cair no descrédito. Quanto às empresas de comunicação e os jornalistas, eles mesmos se beneficiam com as informações na internet, pois a partir delas, poderão apurar melhor a notícia.

Professornews: Por outro lado, o cidadão que cria um blog, um pequeno site ou uma página na rede social corre um risco enorme de não ver seu projeto ir adiante, justamente pela falta de credibilidade, já que a maioria dos receptores prefere conferir se aquela história saiu na grande mídia.

Roseli Figaro: Justamente, mas, por exemplo, o pessoal que produz o Passe Livre (página do Facebook que publica textos com intento de conseguir transporte gratuito em São Paulo) se tornou uma fonte confiável, por quê? Porque seus produtores são agentes da ação, estão no meio dos acontecimentos. Acredito que ninguém vai duvidar das informações que eles publicam. O que prejudica esse pessoal ou o jornalista, ao criar sua própria mídia, é a falta de dinheiro para mantê-la ou de tempo para alimentá-la.

Professornews: Se, por um lado, houve avanços tecnológicos, na questão da empregabilidade parece que as situações parecem as mesmas, tais como: redações repletas de freelancers, excesso de estagiários, acúmulo de funções do jornalista, salários baixos... Há alguma perspectiva de mudança nessa área, sabendo que muitas funções como pauteiros, copidesques e redatores deixaram de existir?

Roseli Figaro: A tendência é piorar se não houver uma organização. O sistema paga caro por tecnologia, pelo uso de máquinas de alta qualidade e onde vão economizar? Na mão de obra. Como você mesmo disse, houve a extinção de funções no jornalismo. Agora, o repórter, além de apurar, escreve, edita, tira fotos, diagrama, fala na rádio e na TV e ainda por cima é mal pago. A extinção de funções é uma situação que acontece naturalmente na história das profissões. O nosso papel como jornalista é nos adaptar aos novos cargos, mas sem o acúmulo excessivo de funções. Eu tenho esperança de que teremos dias melhores.

Professornews: Uma das características do jornalismo é ser o vigilante da notícia, dos fatos e dos agentes da ação. No entanto, com os recentes protestos em todo o Brasil contra a corrupção na política, muitas pessoas fotografaram e filmaram protestantes e policiais com seus próprios celulares. Nessas imagens, foram vistas cenas que não foram mostradas pelas grandes redes de TV e outras mídias, como por exemplo, quem iniciou os confrontos entre policiais e manifestantes.

Cláudia Nonato: Isso é um processo comum, as pessoas deixam gradativamente de confiar nos órgãos públicos e privados, e com as empresas de jornalismo não é diferente. Quando o espectador percebe que não foi bem informado ou sente-se enganado, ele procurará outra fonte de informação.

Professornews: Isso dificulta bastante para o profissional que volta da rua, mas parte do seu trabalho é tolhido por linhas editoriais de suas empresas.

Cláudia Nonato: Por isso é que muitos jornalistas criam seus próprios blogs, sites e redes sociais de notícias, porque nem tudo que ele deseja pode ser publicado na mídia em que trabalha. Você havia comentado sobre o acúmulo de funções e a extinção de alguns cargos; realmente, as redações e estúdios estão cheios de freelancers, estagiários e o profissional está tendo menos espaço. Mas quando se procura o órgão que defenderia nossos interesses, como os sindicatos e conselhos de jornalismo, eles ignoram seus filiados.

Professornews: Parece que não está sendo fácil ser jornalista hoje...

Rafael Grohmann: Não, porque o jornalista não dá um tempo nem para si próprio. Jornalista é um cara muito chato, pois ele lê uma notícia no jornal ou na internet, escuta o rádio ou vê TV e não consegue descansar; passa o tempo todo corrigindo o colega que está transmitindo a mensagem. Com o tempo de profissão, é algo natural que, ao ver TV, por exemplo, o jornalista em casa diga “Que off mal feito, essa sonora entrou errada, essa passagem poderia ser melhor”. Enfim, ele não consegue mais enxergar a notícia e passa o tempo todo analisando a performance dos colegas. A parte boa disso é que ele pode visualizar melhorias em sua própria técnica.

Nota. O e-book custa R$ 47,00, mas pode ser encomendada a versão impressa por R$ 68,00.

 

Fotos e reportagem: Alexandre César

Read 4383 times Last modified on Segunda, 19 Agosto 2013 23:43

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