Terça, 03 Abril 2012 00:00

Praticante do Candomblé, aluno diz sofrer bullying após aula com leitura da Bíblia

By
Rate this item
(0 votes)

Secretaria da Educação afirma que expressão de religião nas escolas estaduais é proibida

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo está investigando o suposto caso de bullying contra um estudante de 15 anos, na escola Antonio Caputo, no Riacho Grande, em São Bernardo do Campo, por conta de sua religião, o Candomblé. Os ataques teriam acontecido após o aluno, do 2º ano do ensino médio, se recusar a participar das orações impingidas pela professora de História que é evangélica. De acordo com Sebastião da Silveira, pai do estudante, seu filho conta que há dois anos, a rotina da professora é reservar os primeiros 20 minutos de aula com leituras da Bíblia e orações.

“O menino reclamava e eu dizia para ele deixar isso de lado, para não criar caso. Ela lia a Bíblia e pedia para os alunos abaixarem a cabeça, mas isso ele não fazia, porque não faz parte da crença dele. No fim de fevereiro, comecei a achar meu filho meio travado, quieto. Um dia, ele me ligou pedindo para eu ir buscá-lo na escola: quando cheguei lá tinham feito uma bola de papel cheia de excremento pulmonar e tacaram nas costas dele. Cheguei na escola e ele estava todo sujo”, disse.

Por causa disso, o adolescente não quer mais ir para a escola, mesmo tendo trocado de turma a pedido dos pais, e tem apresentado problemas de dicção, ansiedade e gagueira. Os pais do aluno ainda tentaram uma alternativa de conversar com a professora, mas segundo Sebastião Silveira, seu pedido foi negado.

“Ela se mostrou intransigente e falou que era parte da didática dela. Eu disse que Estado é laico, alunos de todas as religiões frequentam as aulas e devem ser respeitados, mas ela afirmou que não ia parar”. O pai fez um boletim de ocorrência e pediu garantias de segurança do filho ao Ministério Público.

Em nota oficial, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo disse que “a Diretoria Regional de Ensino de São Bernardo do Campo instaurou uma apuração preliminar para verificar se procede a alegação do aluno”. A primeira providência foi tomada na última terça-feira (27), quando uma equipe de supervisores foi até a unidade para apurar o caso. A nota também informa que, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases, o proselitismo religioso nas escolas estaduais é proibido.

Fonte: Suellen Smosinski (UOL)

Read 2052 times Last modified on Sexta, 30 Março 2012 18:58

Leave a comment

Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.