Quarta, 28 Março 2012 00:00

MPF denuncia professor da UFMA que teria mandado universitário nigeriano "clarear a pele"

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Docente pode perder o cargo público e ser condenado a 15 anos de prisão

Na última quarta-feira (21), o Ministério Público Federal do Maranhão (MPF-MA) denunciou à Justiça o professor de Cálculo Vetorial e Geometria Analítica, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), José Cloves Verde Saraiva, por racismo, injúria racial e xenofobia contra o estudante negro nigeriano Nuhu Ayuda.

O caso teria acontecido em junho de 2011, quando, de acordo com o MPF, “o professor se referiu ao estudante, inúmeras vezes, de maneira ofensiva, inclusive afirmando que o universitário deveria ‘clarear a sua pele’ e voltar para a África em um navio negreiro”. Colegas de turma de Nuhu Ayuda também acusaram o professor de outros atos de racismo e perseguição durante o ano de 2011, acarretando em notas abaixo da média do estudante africano na disciplina desse professor, o que não acontecia nas demais disciplinas.

Segundo Israel Gonçalves Santos Silva, procurador da República e autor da ação, o meio acadêmico jamais poderia ser palco de situações como essa. Em nota, afirmou como “Inaceitável qualquer prática racista ou preconceituosa, principalmente a lançada no seio de um ambiente acadêmico, que deveria prezar pelo acolhimento da mais ampla diversidade sociocultural e étnico-racial, dada à pluralidade dos cidadãos que compõem o povo brasileiro".

Se as denúncias forem confirmadas, o professor Saraiva poderá ser condenado a 15 anos de prisão, pagamento de multa indenizatória, perda do cargo público e dos direitos políticos por cinco anos. Até o momento, a UFMA não se pronunciou sobre o caso. Em nota oficial emitida em junho de 2011, José Cloves Saraiva afirmou que tudo não passou de um mal-entendido, pediu desculpas ao estudante e que havia acontecido uma “interpretação dúbia do aluno nigeriano Nuhu Ayaba, que durante as aulas de Cálculo Vetorial, no curso de Engenharia Química da UFMA, sentiu-se ofendido”.

O docente ainda acrescentou que a pronúncia do nome do aluno não ocorreu em sentido jocoso. “visto que sua pronúncia no seu idioma induz isto no nosso e que foi esclarecida por ele mesmo como o equivalente deste a Noé Josué”.

Por fim, Saraiva comentou que Nuhu era tratado como qualquer outro estudante sob sua disciplina e que chamou a sua atenção, assim como outros “que não compareciam as aulas, nem fizeram os exercícios. Dever de professor cobrando o bom entendimento da disciplina, tendo formado excelentes alunos durante todo esse tempo. Veja que a maioria dos seus colegas de classe cumpriu seus deveres, e a turma passada não teve problemas deste tipo. Embora sabendo que você tem suas dificuldades naturais, como qualquer estrangeiro, deveria pelo menos se explicar, evitando interpretações errôneas sobre o seu atual comportamento como estudante da UFMA”, encerrou o docente.

Fonte: Aliny Gama (UOL)

Read 3581 times Last modified on Sexta, 23 Março 2012 12:46

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