Sexta, 03 Fevereiro 2012 01:00

Grandes Professores e Educadores: Sérgio Buarque de Holanda

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Professor ajudou a mudar o conceito de História do Brasil

Reinventor de como se estudar História no Brasil, Sérgio Buarque de Holanda é um ícone da educação no Brasil, e até hoje seus livros são referências acadêmicas. O ProfessorNews traz um pouco do “homem que sabia tudo de tudo”.

Bem como diz a música Para Todos, de seu filho mais famoso, Chico Buarque de Holanda, Sérgio Buarque de Holanda era paulista. “O meu pai era paulista, meu avô, pernambucano, meu bisavô, mineiro...”. De fato, os Buarque de Holanda estão espalhados no Brasil, precisamente no Nordeste e no Sudeste. Aurélio Buarque de Holanda era seu primo, e nascido em Alagoas.

Sérgio nasceu em São Paulo, no bairro da Liberdade em 11 de julho de 1902, e permaneceu até 1921 na Terra da Garoa, quando mudou-se para o Rio de Janeiro, pata cursar Direito. Jornalista, crítico literário, escritor, museólogo, historiador e professor, Sérgio Buarque de Holanda era o que se poderia chamar de “intelectual”, visto que, sempre era visto com um livro na mão e era versado em vários assuntos, sendo capaz de discorrer qualquer tema que viesse à tona numa roda de amigos. Por isso, ganhou o apelido de “Chatoboy”, do poeta Manuel Bandeira.

De 1958 a 1969, foi professor de História da Universidade de São Paulo (USP), e conta-se que seus alunos o paravam nos corredores, antes mesmo dele chegar à sala de aula. Nos corredores da USP, Sérgio respondia a uma enxurrada de perguntas que não parecia ter fim, fazendo adendos e abrindo asteriscos em cada uma delas. Muitas vezes, as aulas aconteciam lá mesmo. Mesmo idolatrado e reverenciado por seus alunos e colegas, Sérgio optou pela aposentadoria da USP, em protesto contra a cassação dos cargos de alguns colegas.

Sérgio Buarque de Holanda também não dispensava os momentos de lazer. Recebia amigos e alguns alunos em sua casa para jantar. Depois da refeição, reuniam-se em seu escritório para longos bate-papos, regados a doses de uísque. Também era conhecido pelo seu bom-humor e irreverência, tinha uma coleção infindável de trocadilhos e sabia o momento de gozar dos amigos. Sérgio Buarque de Holanda é um dos grandes responsáveis pela mudança do antigo modelo de dar aulas de História no Brasil.

Influenciadas pelos fundamentos da Escola Positivista, as escolas do Brasil ensinavam a antiga História, preocupadas nas biografias de “heróis e vilões”, datas importantes do cenário mundial e feriados cívicos, de acordo com documentos do Estado. Em seu livro Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda afirma que o brasileiro é um ser cordial, já que o cidadão do Brasil pensa e faz tudo a partir da afetividade, sendo incapaz de compreender as formalizações profissionais, políticas e sociais, fazendo com que, tudo seja levado para o lado informal.

Sérgio Buarque de Holanda ensinava que o português-colonizador não tinha qualquer papel de heroísmo na nossa colonização, pois buscava riquezas pessoais e não tinha ideais utópicos de romantismo e patriotismo, que tanto se propagava. Raízes do Brasil, mesmo tendo sido publicado em 1936, é uma das obras mais atuais da história do Brasil, sendo colocado ao lado de outras obras, como Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freire e Formação do Brasil Contemporâneo, de Caio Prado Jr.

Sérgio Buarque de Holanda faleceu em 24 de abril de 1982. O escritor e crítico literário Antônio Cândido definiu o amigo com grande precisão: “Sérgio sabia tudo, absolutamente tudo”.

Fontes: Revista IstoÉ (nº 1557 – 1999) e UOL

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