Indagado sobre o porquê de ter escolhido o Brasil para as filmagens, Lee respondeu: "Inicialmente a ideia era filmar outro país. Mas a gente repensou e, diante do momento que o Brasil está passando, tanta história acontecendo neste momento, primeira mulher presidente, tornando-se uma potência mundial, preparando-se para a Copa, as Olimpíadas... E eu gosto do Brasil. É motivo suficiente, não"?
No prazo de uma semana, o cineasta percorreu Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, onde começou a filmar as entrevistas para o documentário. Entre as personalidades, sua equipe filmou o ex-presidente Lula, a presidenta Dilma Rousseff, o ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, além de artistas e outras personalidades conhecidas, como Gilberto Gil, Lázaro Ramos, Emanoel Araújo, Tom Zé e Neymar. Até pela lista de entrevistados, desconfiou-se que Spike Lee faria mais um filme sobre problemas raciais e exclusão do negro na sociedade, como é de praxe em suas obras. Entretanto, disse que o tema não era o foco principal.
"Claro que vai falar desta questão. Mas não vai ser sobre isso. Tampouco vai ser um filme da câmara de comércio brasileira. Vai ser equilibrado, ter o lado bom e ruim", afirmou o diretor. Sobre o sistema de quotas raciais nas universidades públicas, Lee disse que é completamente a favor. "Há um erro de avaliação de quem é contra. Não é que vão buscar negros desqualificados na favela para entrar na universidade. Vão pegar os qualificados e aí sim colocá-los na escola".
O diretor, inclusive, citou os Estados Unidos como país que está mais adiantado em relação ao Brasil nesse tema. "Os dois países tiveram escravidão, mas acho que os EUA estão uns 20 anos à frente nesta questão". No dia 30 de abril, Lee voltou a Nova York com sua equipe, e deverá voltar para o término das filmagens em julho.
Fonte: Flávia Guerra (Estadão.com.br)