Para boa parte da população, só resta o pesadelo de conviver com a intermitência da água; para outros, é a oportunidade de reinventar soluções para poupar os recursos que ainda estão disponíveis. Segundo a ONU, quando a capacidade hídrica é inferior a 1.500m³ habitante/ano já devemos entrar em estado de alerta. O que fazer, então, com as bacias que compõem Piracicaba-Capivari-Jundiaí (PCJ) em São Paulo? Nelas, a disponibilidade hídrica é de 400m³/habitante/ano. Como mostram os dados, o crescimento populacional desenfreado de determinadas regiões, praticamente, obrigaram as empresas a tomar decisões rápidas. Um passo importante para a manutenção dos recursos hídricos brasileiros aconteceu em Niterói, no Rio de Janeiro, e o que era uma boa prática se tornou lei. Os edifícios construídos com mais de 500m², com consumo igual ou superior a 20m³ de água por dia, terão que ter projetos de sistemas de aproveitamento da água proveniente dos chuveiros, banheiras, tanques, máquinas de lavar e lavatórios de banheiros - conhecida como águas cinzas.
De acordo com dados do CIRRA (Centro Internacional de Referência em Reúso de Água), em um prédio, é possível economizar pelo menos 40% de água potável e poupar 30% na conta de água, com a reutilização de água. Se as pessoas utilizarem a água reciclada para lavar garagem, quintal, veículos e irrigar áreas verdes, a economia pode chegar a 70%.
Mas o velho ditado "a união faz a força" é mais do que apropriado para os tempos que vivemos. Não podemos mais esperar para tomarmos uma atitude. Todos sabem o quanto é importante economizar, mas, além disso, precisamos buscar soluções sustentáveis para o planeta e valorizar cada vez mais as empresas que colocam em prática essas ações.
Pesquise, conheça e divulgue os empresários que já tomaram consciência de que boas práticas devem ser implementadas o quanto antes. Empresas que aproveitam a água da chuva para fins não potáveis, como rega de jardins e canteiros, descarga de vasos sanitários, lavagem e limpeza geral, reposição de sistemas de ar-condicionado, lavagem de veículos, entre outras formas de utilização, merecem o nosso aplauso e o reconhecimento.
(*) Sibylle Muller, diretora da AcquaBrasilis, formada em Engenheira Civil, é Mestre em Construção Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. É Especialista em Gestão e Tecnologias Ambientais pelo Programa de Educação Continuada (PECE) da Universidade de São Paulo. Em 2001, fundou a AcquaBrasilis - referência no mercado de reúso de água, captação de água da chuva, potabilização de águas de mananciais, tratamento para fins não potáveis, como irrigação, em vasos sanitários, lavagem de roupas, carros etc.
