Quinta, 19 Abril 2012 00:00

Educação: o caminho para o desenvolvimento

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O grande desafio do Brasil é ampliar a qualidade da educação

Gilberto Alvarez Giusepone Jr. (*)

Gilberto giusepone retratoA Educação como meio de inclusão, desenvolvimento e ascensão social é, reconhecidamente, a maior riqueza de um país. É o maior legado que uma família pode deixar aos jovens, ou um professor a seus alunos. Também é a maior qualidade que um cidadão pode adquirir.

O Brasil avançou muito nos últimos anos nessa área. Cresceu distribuindo renda (o que não acontecia havia décadas), e isso possibilitou o ingresso de mais jovens no ensino superior. O número de universitários dobrou: passou de três milhões para mais de seis milhões de matriculados por ano. E foram abertos 126 novos campi de universidades federais ao longo da última década. Ou seja, o Estado vem cumprindo seu papel de indutor do crescimento.

Isso é suficiente para garantir um crescimento sustentado? Não. É preciso consolidar o salto qualitativo na educação – que já iniciamos. Tudo passa, claro, pela valorização do professor, que precisa de uma remuneração mais digna para se aperfeiçoar, ter uma vida cultural mais ampla, comprar seus livros, ir ao cinema... O recente estabelecimento de um piso nacional – R$ 1.458,00 – é um estágio importante; agora, é essencial que todos os estados o cumpram. Não é possível que o aluno tenha um horizonte de progresso tão superior ao do professor.

A escola pública precisa se reinventar, tornar-se mais moderna, criativa, um espaço de inclusão e convivência, de exposição à diversidade e à cultura, de estímulo às habilidades e ao desenvolvimento de competências essenciais para o exercício da cidadania. Mas, para tanto, os professores precisam de formação constante. Não podem repetir indefinidamente só o que aprenderam como estudantes.

Qual é a saída? O grande desafio do Brasil é ampliar a qualidade da educação, o que só pode ser conquistado por meio de um amplo pacto entre o governo federal, os estados e os municípios. Um pacto que, necessariamente, envolveria a iniciativa privada e outros parceiros da educação: ONGs, entidades religiosas, instituições de pesquisas, empresas...

Esse pacto deve conduzir ao investimento na qualidade, a começar pela pré-escola, já que pesquisas internacionais demonstram que um bom ensino nessa fase terá consequências muito positivas ao longo de toda a vida do estudante. Não por acaso, o governo federal projeta construir seis mil creches em todo o país nos próximos anos. E não há o que priorizar: é preciso investir, ao mesmo tempo, na qualidade no Ensino Fundamental, Médio e Superior e também na formação de ponta, a pós-graduação.

É preciso atenuar o desequilíbrio entre os investimentos nos diferentes níveis do ensino público. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) mostram que a soma dos gastos dos governos federal, estadual e municipal, em 2010, representam um investimento anual médio por aluno, nos ensinos fundamental e médio, de R$ 2,9 mil, contra R$ 15,4 mil do ensino superior.

É claro que não é errado investir no ensino superior, mas a discrepância é inaceitável. É por isso que em São Paulo, por exemplo, tem havido diversas manifestações de professores que clamam por melhores condições de trabalho, mais escolas e mais creches. Recursos há, e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação está num combate, dentro do Congresso Nacional, para que se aprove a destinação de 8% e, mais adiante, de 10% do PIB à educação.

Alguns talvez objetem com a falta de recursos para fazer frente a tantas necessidades, mas estamos vivendo no Brasil do pré-sal: essa é a nossa chance histórica. Se a aproveitarmos corretamente, criando, por exemplo, um fundo destinado à educação, à ciência, à tecnologia e à inovação, podemos dar um enorme salto rumo à consolidação do Brasil como país desenvolvido, a exemplo do que fizeram países como a Noruega ao descobrir grandes reservas de petróleo.

Já há diversos projetos em tramitação no Congresso a respeito da melhor destinação dos recursos do pré-sal. É preciso que não se trate apenas de mais uma fonte de commodities a serem negociadas no mercado internacional, mas, sim, o passaporte do Brasil para uma viagem definitiva ao desenvolvimento.

Nota do Editor: o texto e as opiniões deste artigo são de exclusiva responsabilidade do autor e não reflete a opinião do Portal Professornews.

Gilberto Alvarez Giusepone Júnior é engenheiro Metalurgista e de Materiais formado pela Escola Politécnica da USP. Atualmente é professor, autor do material de Física e Diretor do Cursinho da Poli. Durante 15 anos, atuou como professor de Física e coordenador pedagógico de escolas da rede privada de ensino. Foi fundador da Cooperativa e do Instituto Integra, que atua nas áreas de habitação popular, segurança alimentar e nutricional e geração de trabalho e renda. Coordenou as áreas de Governança Corporativa (2008), Departamento de Entreposto da Capital (2008 - 2009) e do Departamento de Engenharia e Manutenção (2009) da CEAGESP (empresa mista vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Governo Federal).

 

 

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