Sexta, 01 Novembro 2013 01:00

Futuro da Educação no Brasil: debate no Latin America Leadership Summit

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Gestores e professores analisam o uso de tecnologias digitais nas universidades

Sergio Arruda II

No evento, Sergio Roberto Arruda, diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Santa Catarina (SENAI-SC), ministrou a palestra sobre como os profissionais da Educação devem se atualizar para o processo de metodologia de ensino que parece irreversível num futuro próximo, no Brasil.

“Hoje, temos uma metodologia que não difere muito de há 20, 30, 40 anos: o professor na frente, com os alunos sentados, seja com livros, apresentações de slides, áudio ou vídeo. A ideia da escola tradicional na qual fui educado, é a mesma de hoje. Gestores da Educação e professores não devem temer o uso da tecnologia na sala de aula. Em Santa Catarina, temos o objetivo de fazer com que o professor não seja mais um mero repassador de conhecimentos, mas um agente que planeja, que participa, que interage no processo de aprendizagem. Antes, um estudante era entupido de 13 matérias e regido pelo velho 'Daí, você tira o que achar melhor'. Não queremos que isso se perdure", declara o Professor Arruda.

Professornews: Professor, coincidentemente, esta manhã passou um episódio do desenho animado Os Simpsons. Nele, chegava à sala de aula do Bart Simpson um novo professor que instituía uma educação estritamente à base de telefones celulares e tablets. Lógico, é apenas uma piada, mas isso pode se tornar uma realidade em nossas escolas e universidades. O senhor acha que, se isso acontecer, esse processo não dificultaria a interação em sala de aula, de professor-estudante e estudante-estudante, desestimulando o debate?

Professor Arruda: Pelo contrário, o uso da tecnologia é justamente para auxiliar no desenvolvimento de conhecimentos. Mas cabe ao professor indicar as melhores fontes de consulta. O professor também deve fazer a parte mais difícil, que é selecionar e moderar o material de estudo.

 

No debate, estiveram presentes também o Professor Stavros Panagiotis Xanthopoylos, vice-diretor do Instituto de Desenvolvimento Internacional da Fundação Getulio Vargas (IDE-FGV) e Professor Mauricio Pimentel, coordenador geral da Faculdade de Tecnologia Bandeirantes (Bandtec), que conversaram com o Professornews sobre o assunto.

Professornews: O senhor acredita que a facilidade proporcionada pelas ferramentas de pesquisa na internet está tirando o interesse dos estudantes e pesquisadores em procurar fontes de informação tradicionais?

Stavros Panagiotis XanthopoylosProfessor Stavros Panagiotis Xanthopoylos: Hoje, nossa mente está condicionada para "onde buscar" do que para "decorar fatos". O que tememos é que os estudantes parem de pensar por si próprios e apenas repitam o que está sendo buscado e pesquisado na internet.

Professornews: A metodologia da Educação a Distância, em todos os níveis da Educação, ainda é nova, encontrando muita resistência entre instituições e professores. Como os profissionais e instituições devem se adaptar a esse meio, já que é um processo irreversível a ser praticado pelo mercado?

Professor Xanthopoylos: Isso depende de muitos fatores, mas o que as instituições não podem fazer é jogar toda a responsabilidade nas costas dos professores, ainda mais para aqueles que nunca viram esse modelo de educação. Não podem fazer algo como: “Olha, você agora vai dar uma aula digital”. Isso seria loucura. Mas a instituição também não deve se livrar desse profissional. Para realizar uma aula a distância, é necessária toda uma equipe: um arquiteto de tecnologia para o suporte online, um webdesigner para moldar a página eletrônica, um linguista para montar e corrigir textos, um treinador de tutores e, finalmente, o professor, que será o autor de conteúdo de ensino.

Professornews: Professor, quais são as principais razões para a resistência do uso de tecnologias digitais em sala de aula? Seria a desconfiança de que os estudantes ficassem restritos a acessar a internet?

Mauricio Pimentel: Se já tínhamos críticas com um único canal de educação, que era o professor em sala de aula, agora temos mais ainda com o uso de tecnologias digitais. Não acredito numa “ditadura do Google” por parte de estudantes, desde que o professor conscientize sua classe a buscar outras fontes, como bibliotecas, vídeos e áudios.

Professornews: Como o professor deve fazer para identificar que o seu aluno está apresentando um trabalho ou opinião próprios e não está apenas repetindo o que está nas páginas eletrônicas?

Mauricio Pimentel: O professor deve conversar, escutar e falar com seu aluno, conhecê-lo, estar presente na produção de exercícios e trabalhos, mesmo quando se trata de Ensino a Distância, não propriamente de modo presencial, mas acompanhando a evolução e o estilo de cada aluno. Os professores interessados sabem quando algo é de produção de seu aluno e o que é copiado da internet. Na Bandtec, usamos o Wiki (software que permite a edição coletiva de documentos) e pergunto aos estudantes de onde tiraram certas informações que julgo duvidosas. Assim, eliminam-se as dúvidas quanto à autenticidade dos trabalhos.

 

Fotos e reportagem: Alexandre César

Read 3240 times Last modified on Terça, 05 Novembro 2013 21:23

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