Em virtude dessa falta de informação, resolvi escrever um pouco sobre essa religião, deixando claro que não sou especialista no assunto, mas sim curiosa e estudiosa do mesmo. Portanto, peço desculpa antecipada aos muçulmanos no caso de eu escrever algo que não seja tão fidedigno.
A palavra Islã é desconhecida para muitos brasileiros e uma grande parte da população não sabe que ela significa “submissão absoluta dos seres diante de Deus”. Além de ser uma religião, é também um conjunto de concepções culturais e normas de conduta. É um fenômeno histórico, cultural e social muito complexo e abrangente.
Podemos também dizer que islamismo é uma religião que reúne cerca de 1,5 bilhão de pessoas no mundo, predominante no Oriente Médio, África e Europa. Congrega várias etnias sociais e culturais, ou seja, temos árabes, afegãos, chineses, indonésios, europeus, americanos e até brasileiros islâmicos. De acordo com entidades islâmicas brasileiras, eles já são cerca de 1,5 milhão, estando a maioria concentrada nos estados de São Paulo e Paraná, existindo também comunidades significativas em Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Rio Grande do Sul.
Outra confusão que percebo é a de acharem que a religião muçulmana é muito antiga e existe há muitos milênios. Na realidade, ela existe desde o ano 610 da era cristã, quando Maomé, Muhammad ou Mohamed, recebeu do anjo Gabriel a Pedra Negra que se encontra na Caaba (santuário sagrado que significa cubo), na cidade de Meca, Arábia Saudita.
Nesse ano, Maomé meditava nas montanhas, quando aconteceu a “iluminação”. Era o dia 27 do mês de jejum e purificação da alma, o Ramadã, o qual foi instituído depois desse fato. Não há uma correspondência entre o calendário mulçumano, que é lunar, e o ocidental, que é solar. Por isso, o Ramadã e outras datas muçulmanas ocorrem em períodos do ano variáveis em relação ao nosso.
Seu livro sagrado é o Corão ou o Alcorão, que significa “revelação”, a palavra de Deus. O Corão está para os islâmicos como a Bíblia está para os cristãos e a Torá para os judeus. Outra coisa importante é saber que Maomé não é considerado filho de Deus, pois para eles, Deus é único, não tem filhos (a não ser no sentido universal onde toda a humanidade é sua família querida). Os muçulmanos tampouco aceitam o dogma da santíssima trindade – Pai, Filho e Espírito Santo.
A novela O Clone foi uma obra que “introduziu no imaginário cultural brasileiro imagens bastante positivas dos muçulmanos como pessoas alegres e devotadas à família”.
Haram e haral
Por falar na novela, vocês se lembram que eles falavam muito “haram”? Essa palavra é o mesmo que ilícito, proibido, impuro, ilegal. Alimentos e bebidas ”haram” são absolutamente proibidos por Deus para todos os muçulmanos.
Existe uma entidade chamada Núcleo de Desenvolvimento do Conceito e Sistema Halal do Brasil – Central Islâmica Brasileira de Alimentos Halal (CIBAL HALAL), que emite certificados “halal”, ou seja lícito, o mesmo que permitido. Alimentos designados “halal” são aqueles cujo consumo é permitido por Deus. No Sagrado Alcorão, Deus ordena aos muçulmanos e a toda a humanidade comer apenas alimentos “halal”.
Halal também é a base de tudo que é lícito, na política, no social, nos atos praticados (conduta), na justiça, nas vestimentas, nas finanças etc.; é o resultado de um sistema de produção que busca criar mecanismos que contribuam com a saúde humana, criando equilíbrio sustentável em todo o seu processo.
De acordo com eles, os seguintes animais são proibidos para consumo:
- porcos, cachorros e seus semelhantes;
- animais que possuem longas presas (dentes), tais como tigres, elefantes, macacos etc.;
- pássaros predadores, como o águia, falcão etc;
- animais pestilentos, como ratos, centopeias, escorpiões e semelhantes;
- criaturas ou insetos que são considerados repulsivos como as moscas, vermes, lesmas, baratas etc.;
- répteis, como crocodilos, cobras etc.;
- animais e aves que se alimentam de carniça.
Citamos também alguns dos produtos que são “haram” e precisam de todo um ritual para se tornar “halal”:
- carne suína e seus derivados (gelatinas, culturas de fermentação, queratina etc.);
- animais abatidos de forma imprópria ou já mortos;
- animais abatidos com invocação de outro nome que não seja o de Deus;
- sangue e seus derivados;
- gelatina originada de bois que não foram abatidos conforme a jurisprudência islâmica;
- bebidas alcoólicas;
. leveduras de cervejarias;
. embalagens plásticas biodegradáveis que utilizam gelatina suína.
Para ler o texto completo, acesse o link da Professora Maria Helena.
(*) Maria Helena Magalhães Sarmento Afonso é mestre em Comunicação, com pós-graduação em Sucesso Empresarial e Marketing Internacional e cursos de extensão em Marketing e Comércio Exterior na FGV. Coach certificada pela Integrated Coaching Institute. Diversos cursos no exterior sobre temas internacionais e interculturais. Palestrante internacional, professora de pós-graduação da Universidade Mackenzie e diretora da DBI Foreign Trade.