Professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo alerta contra a doença
Dra. Luisa Villa (*)
A maioria dos casos de Vírus do Papiloma Humano – HPV ocorre, principalmente, em países em desenvolvimento, situados, por exemplo, na América Latina, África e Ásia.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 630 milhões de pessoas no mundo devem estar infectadas com o HPV. A estimativa é de que na cidade de São Paulo, pelo menos 25% dos indivíduos adultos com atividade sexual já tiveram contato ou são portadores da doença, o que representa um número considerável.
“No Brasil, a frequência de infecção do HPV nas mulheres, na faixa dos 18 a 60 anos, está entre 14% a 30%. Já nos homens, residentes da capital paulista, estudos recentes indicam que pelo menos metade deles tem a presença do vírus na região genital, mesmo não apresentando nenhum sintoma ou lesão clínica”, afirma a Dra. Luisa Villa, professora de medicina e coordenadora do Instituto do HPV.
A doença nas mulheres é responsável por aproximadamente 250 mil mortes por câncer de útero por ano, principalmente, nos países em desenvolvimento, como os situados na América Latina, África e Ásia.
Os sintomas causados pelo HPV dependem da variação e do local infectado, geralmente, nas superfícies cutâneas e na região genital. Na maioria dos casos, são assintomáticos e não deixam sequelas. Mas, alguns tipos de HPV podem causar lesões tanto benignas quanto malignas, sendo responsável por uma série de cânceres tanto na mulher quanto no homem.
Os HPVs são considerados agentes de fácil transmissão porque podem ser transferidos pelo contato entre peles e mucosas, de qualquer superfície do corpo externa ou interna que esteja infectada.
“A relação sexual, a manipulação dos orgão genitais, ânus e boca podem transmitir o vírus. A falta do uso regular de camisinha é um dos fatores que contribui para o contágio”, alerta a Dra. Luisa Villa.
A especialista ainda acrescenta: “apesar de muito menos provável, também é possível a contaminação através de contato com roupas ou locais que tenham os vírus depositados”. Os bebês também podem contrair o vírus durante o parto normal e, de forma mais rara, durante a gestação.
A melhor forma de evitar o contágio é através da atenção a práticas de sexo seguro, sendo muito importante a disseminação da informação em todos os níveis, incluindo-se a educação sexual. Além disso, atualmente também existem vacinas profiláticas, eficazes contra os tipos mais comuns, para prevenir as verrugas genitais e tumores.
“No Brasil, as vacinas são indicadas para administração entre meninas e mulheres de 9 a 26 anos. Recentemente, também foram aprovadas a aplicação em meninos e homens dessas mesmas faixas etárias”, informa a Dra. Luisa Villa.
A vacinação só está disponível em clínicas particulares. “Devido ao custo, e a falta de recomendação formal por parte do governo, essas vacinas não são encontradas na rede pública. Mas, almeja-se a sua ampliação, pois esta é a forma mais eficiente de se prevenir contra alguns tipos de HPV, causadores de 70% dos casos de câncer de colo do útero. Além disso, também são fundamentais as visitas regulares ao ginecologista e a realização do exame Papanicolau”, finaliza a especialista.
O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia das Doenças Associados ao Papilomavírus - INCT-HPV, ou simplesmente Instituto do HPV, tem como missão contribuir para o conhecimento das infecções e doenças causadas pelo HPV em diferentes níveis, compreendendo pesquisa científica básica e aplicada, formação de recursos humanos especializados no assunto e transferência de conhecimento para a sociedade em geral.
(*) Dra. Luisa Villa é professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e coordenadora do Instituto do HPV.