Atualização sobre avaliação econômica e cálculo do valor justo - 76ª. edição

Atualização sobre avaliação econômica e cálculo do valor justo

76ª. edição – novembro de 2018.

Artigos de responsabilidade de Wulaia Consultoria*

 

Business Valuation OIV Journal

O OIV- Organismo Italiano di Valutazione, entidade responsável pela definição dos padrões de avaliação na Itália, e o IVSC-International Valuation Standard Council lançaram um novo periódico dedicado a estudos na área de avaliação: "Business Valuation OIV Journal"

O objetivo é permitir que pesquisadores e profissionais envolvidos nessa área do saber possam trocar conhecimento e experiência. A Wulaia Consultoria tem conhecimento de dois outros periódicos inteiramente dedicados ao tema da avaliação publicados nos Estados Unidos. Agora temos uma perspectiva europeia do tema.

O lançamento desse novo jornal reforça a importância da avaliação como uma ciência única e, portanto, uma profissão em si. O profissional de avaliação – o avaliador – precisa conhecer um conjunto de matérias que envolvem finanças, economia, contabilidade, legislação societária e fiscal, bem como a regulação aplicada à própria profissão e aos setores econômicos. Assim, o profissional de avaliação não pode ser somente um curioso ou alguém que ouviu falar, mas um indivíduo que continuamente exerce essa profissão e amplia seus conhecimentos na área por meio de certificação, participação em eventos e cursos locais e internacionais.

O lançamento da primeira edição trouxe três assuntos relevantes:

  1. Implied cost of capital: how to calculate it and how to use it.

  2. Solvency II framework in insurance equity valuation:  some critical issues

  3. Bank valuation using multiples in US and Europe:  an historical perspective.

 

O primeiro artigo trata da análise crítica do custo de capital calculado a partir do WACC/CAPM em relação aos valores implícitos obtidos a partir de empresas de capital aberto. Os autores propõem três metodologias para calcular o custo de capital implícito de mercado a partir da capitalização de mercado (market capitalization) de uma empresa aberta e a expectativa de lucros futuros. Assim, ao comparar o valor de mercado de uma empresa com o consenso de mercado para os lucros futuros, o avaliador pode calcular a taxa de desconto que está sendo implicitamente utilizada pelo mercado. Adicionalmente, ao aplicar essa análise, o avaliador poderá verificar a razoabilidade dos múltiplos de mercado a serem utilizados quando da aplicação da metodologia de múltiplos (market approach). A Wulaia Consultoria concorda que analisar a razoabilidade do cálculo do custo de capital utilizando o valor implícito de mercado é uma boa prática a ser seguida, sempre que dados estejam disponíveis.

Já o segundo artigo, com foco em avaliação de seguradoras, trata especificamente de itens relacionados com a regulação do mercado segurador na Comunidade Europeia. Naquela jurisdição, desde 2016, as empresas seguradoras estão submetidas a regulamentação conhecida como Solvency II (Solvência 2). Essa regulamentação exige a apresentação de indicadores de risco e solvência com base em modelos estocásticos em oposição aos modelos anteriores de natureza determinística. O estudo apresenta o impacto dessa mudança de análise nos principais indicadores (múltiplos) do setor e como isso afeta a avaliação dessas empresas. A avaliação de seguradoras apresenta nível de dificuldade superior a outros setores e requer do avaliador um bom conhecimento do setor, como demonstra esse artigo. Além disso, o profissional deve estar atento a mudança da contabilidade que está por vir, o IFRS 17 – contratos de seguro.

Por fim, o terceiro artigo trata da avaliação de bancos utilizando múltiplos de mercado. Se avaliar uma seguradora já é difícil, avaliar bancos é um passo adicional. O artigo trata da avaliação relativa, ou seja, de múltiplos. Os autores destacam que a avaliação por múltiplos possui um vasto número de artigos aprofundando o tema, mas artigos específicos aplicados a banco são mais escassos. O objetivo do estudo, que cobre o período de 1990 a 2017, é verificar quais são os melhores múltiplos para avaliar instituições financeiras. Na avaliação da maioria dos negócios, os múltiplos mais comumente empregados são preço (valor) em relação à receita, ao EBITDA e ao lucro líquido, que não são aplicáveis aos bancos. Para essas instituições, segundo os autores, os melhores múltiplos para estimar o valor são aqueles que relacionam o preço (valor) em relação ao valor de livros. Os autores demonstram a robustez desse resultado aplicando diversos múltiplos a cada ano e comparando o resultado obtido com o valor efetivo no período seguinte.

Três excelentes artigos que demandam tempo para leitura e compreensão dos temas tratados.

 *Contato com Wulaia Consultoria: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

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