Estudo dos gêneros textuais

A análise é feita sob os aspectos da oralidade, leitura e escrita

Suzana Ziareski (*)

Os gêneros textuais não se caracterizam ou se definem por aspectos formais, mas sócio comunicativos e funcionais. Dessa maneira pode-se considerar que são as formas e as funções que determinam os gêneros textuais. Textos e gêneros textuais não são automaticamente equivalentes, desde que não estejam no mesmo suporte. É importante salientar que esses estudos partem de uma noção de língua como atividade social, funcional e interativa.

Os gêneros textuais são analisados sob os aspectos da oralidade, leitura e escrita. Do ponto de vista das atividades enunciativas discursivas, verificam-se instituições, esferas sociais, ou seja, há vários domínios discursivos. Dessa maneira, os atos conversacionais são gêneros primários da oralidade humana, que é primitivo e original, mas não limitado, porém existem outros tipos de gêneros dialógicos, orais ou escritos, podendo ser considerados, como exemplos uma fala de personagens e uma entrevista. Nesse sentido, a conversação pode ser considerada como gênero primário e um diálogo como gênero secundário.

Um enunciado de gênero secundário deve ter sua própria rede de indicações coesas e coerentes. O gênero secundário traz características do primário, sendo difícil estabelecer fronteiras entre eles, porém pode-se dizer que constituem um objeto único, resultado de transformações histórico-sociais.

Bakhtin (2000) trata o gênero do discurso no campo de análise da pragmática e não da linguística. O sujeito, para ele, se comunica a partir do conhecimento empírico que possui para construção dos sentidos. Então, os gêneros podem ser definidos por três dimensões sociais: os conteúdos, a estrutura específica dos textos e as configurações específicas das unidades de linguagem. Têm-se, assim os domínios: diversidade discursiva (narração); gênero discursivo (conto de fadas); e dimensões textuais (organizadores textuais). Os estudos de gêneros textuais centram-se no texto organizando a variedade textual através das tipologias.

Já a situação de produção textual é definida por alguns parâmetros sociais: o lugar social da interação, os lugares sociais dos interlocutores ou enunciadores e as finalidades de interação. O aprendiz deve adaptar-se às características do contexto e do referente e dominar as operações psicolinguísticas e as unidades linguísticas necessárias. Exemplos: público alvo, organizadores e marcadores de um determinado tipo de texto.

O formato clássico de descritivo, narrativo e dissertativo não atende a variedade atual, pois os gêneros sociais são produtos históricos; eles estão em movimento perpétuo, não se podem estabelecer fronteiras entre eles.

Schneuwly, Dolz e colaboradores agrupam os gêneros textuais a partir da capacidade dos indivíduos em relatar, narrar, argumentar, expor, descrever, instruir, avaliar, poetar etc. A partir dessa análise, pode-se definir, portanto, o discurso como linguagem em uso manifestada por meio do texto.

Gêneros discursivos são textos que podem ser agrupados por características comuns com regras convencionais. Gêneros textuais têm suas características comuns. Subgêneros de texto têm características comuns ao gênero a que pertencem. Textos seriam unidades de sentido. Os tipos de discurso organizam o texto (narrativo, argumentativo etc.). Domínio discursivo é lugar onde os textos ocorrem. E, finalmente, a comunidade discursiva compartilha gêneros discursivos e textuais.

Pode-se concluir, portanto, que gêneros textuais são fenômenos históricos vinculados à vida social e cultural, caracterizando-se como eventos textuais dinâmicos que cumprem funções comunicativas, cognitivas e institucionais por peculiaridades linguísticas e estruturais.

 

Referências:

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 277-326.

RODRIGUES, R. S. Os gêneros do discurso na perspectiva dialógica da linguagem: a abordagem de Bakhtin. In: MEURER, J. L.; BONINI, A.; MOTTA-ROTH, D. (Org). Gêneros: teorias, métodos e debates. São Paulo: Prática Editorial, 2005, p. 152-183.

 

(*) Suzana Ziareski é professora de Língua Portuguesa.

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