Plano de Prevenção de Riscos de Gestão: riscos de corrupção e infrações conexas

Por Antonio de Loureiro Gil
Sócio Diretor da Vindex Corretora de Câmbio
Professor Titular da Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo (USP)

As organizações necessitam estabelecer e praticar medidas de prevenção para minimizar os riscos para a sustentabilidade de seus negócios. A mensuração dos riscos da ocorrência ou não de eventos contingentes favoráveis ou desfavoráveis aos produtos e serviços ofertados são de obrigatoriedade total para as empresas do Século XXI.
No particular, a mensuração dos riscos das contingências de natureza “fraudes” é de importância vital à sobrevivência dos negócios privados ou governamentais. Dentre as fraudes de maior impacto para a continuidade organizacional, quando do desenvolvimento e instalação de um plano de prevenção de riscos ou de uma norma para enfrentamento de agressões ao negócio, ganham destaque a corrupção e as infrações conexas.
A corrupção, visualizada como a agressão aos ativos tangíveis ou intangíveis empresariais, contempla (pela visão do controle interno, segundo a AICPA):
·         suborno para acesso às informações privilegiadas ou obtenção de demais ativos do negócio;
·         troca de favores para obtenção de vantagem com prejuízo ao negócio;
·         chantagem como instrumento de ameaça à lucratividade ou continuidade organizacional;
·         espionagem como meio de auferir ganhos financeiros pessoais adicionais em detrimento do capital estrutural da organização.
Duas entidades para prevenção de riscos da ocorrência de contingências desfavoráveis ao negócio, quando de fraudes envolvendo corrupção, são controle interno e auditoria.
O plano de prevenção de riscos e as normas para enfrentamento de agressões a ativos tangíveis ou intangíveis são condições insubstituíveis para a sustentabilidade dos negócios e de nossa sociedade (controle interno e auditoria em ação).
O controle interno na vertente “plano da organização/de negócio e todos os métodos e medidas adotados para salvaguarda dos ativos organizacionais” viabiliza a análise do risco da “conformidade” das práticas organizacionais.
A auditoria na vertente “testar, provar, recomendar, opinar” induz à “conformidade” e viabiliza o “customizar” e o “inovar”.
A dinâmica de nossa sociedade, do mercado, dos novos produtos e serviços ofertados impõe constante vigilância organizacional com respeito ao impacto das frequentes mudanças, muitas vezes radicais, no processo – produto organizacional.
Riscos, controle interno e auditoria são entidades indissociáveis de modelos de gestão vencedores (CCM, DEQ, SWOT, BSC, PMBOK (DEQ), BIN, marca própria” em ação).

A atenção das organizações à ideia de sustentabilidade implica o exercício de modelo para operação e gestão dos negócios privados ou governamentais baseados nas ferramentas: (1) controle interno,(2) risco e (3) auditoria.
Essas entidades são aplicadas no contexto da dinâmica empresarial expressa no termo mudança. A única certeza de executivos, gestores, profissionais especializados e demais funcionários é a da “mudança” nas práticas, objetivos, tecnologias e focos organizacionais. E, como sequência de raciocínio, que mudanças geram oportunidades para fraudes e que a corrupção é ferramenta poderosa para agressões a ativos tangíveis ou intangíveis organizacionais.
Tais mudanças são de origem interna ou externa ao negócio:
·         A mudança “customização” é de origem externa ou interna e diz respeito a adaptações das atividades organizacionais determinadas por executivos e gestores responsáveis pela condução e alcance das metas das diversas linhas de negócio.
·         Mudanças de origem interna são de duas modalidades:
§ mudança inovação: os executivos ou os gestores geram novas práticas para o negócio ou estabelecem novas linhas de atuação empresarial (origem da mudança “inovação top-down) ou por sugestões de profissionais especializados ou de funcionários quando novas formas de exercício do processo-produto são acatadas (origem da mudança “inovação bottom-up”);
§ mudança conformidade: os profissionais do negócio buscam atender aos padrões de desempenho formatados nas normas, contratos, modelos, manuais organizacionais.
Agora, responda rápido:
 
·         Sempre que há mudança na organização, por exemplo, novo ERP; nova regulamentação; novos contratos; novas contratações, novas tecnologias ou conhecimentos adicionados ao negócio, uma análise de vulnerabilidades é efetuada?
·         As entidades “governança corporativa” (visão transparência); “compliance” (visão cumprimento do estabelecido); “prevenção à lavagem de dinheiro” (proteção à receita ou lucratividade do negócio) são trabalhadas na mudança e os resultados são de pleno conhecimento dos stakeholders?
 
Sua resposta é não?
 
Então, a sustentabilidade do seu negócio está ameaçada!
Se mudança é a palavra-chave deste século XXI, fraude é evento certo nas organizações deste século XXI.
A ideia de mudança está conectada à visão da sustentabilidade dos negócios privados ou governamentais à medida que a continuidade empresarial necessita conformidade, customização e inovação para fazer frente à concorrência. A possibilidade da fraude está estabelecida com as novas práticas do negócio.
A modalidade da mudança é o vetor inicial para o estudo do ciclo de vida da mudança com o qual podemos formalizar cenários futuros com as diretrizes de:
·         conformidade: quando o alcance do cumprimento das práticas recomendadas ou padronizadas é objeto de alterações no conteúdo ou sistemática do processo – produto organizacional;
·         customização: o estímulo à busca de maior homogeneidade técnica operacional é o foco para atuação de profissionais e gestores das empresas; esta convergência das práticas organizacionais é alvo de benchmark com o processo de melhoria continuada com sistemático avanço;
·         inovação: a qualidade da mudança levada ao seu extremo com o melhor do capital humano transformado no capital estrutural – organizacional a partir do pioneirismo nas novas abordagens de condução dos negócios privados ou governamentais.
Os eventos no foco da conformidade, customização e inovação estabelecem oportunidades para fraudes e corrupção e infrações conexas organizacionais.
A origem da mudança estabelece previamente a necessidade de envolvimento de todas as áreas e profissionais do negócio nas modalidades da mudança: conformidade, customização e inovação em ação.
A fraude corresponde a ato intencional e agressivo ao ativo do negócio com benefícios/vantagens ao profissional que o perpetrou.
As tecnologias para segurança, integridade e efetividade da mudança organizacional assumem aspectos diversos no ambiente de negócios das organizações privadas ou governamentais.
Dentre essas tecnologias organizacionais, podemos destacar:
·         o controle interno como ferramenta para nortear o compliance, decisivo para balizar as práticas e os resultados das mudanças introduzidas nos processos-produtos empresariais (essas mudanças são concretizadas segundo os momentos operacional, tático ou estratégico das instituições privadas ou governamentais com o uso das funções administrativas planejamento, execução, controle e auditoria);
·         o risco como tecnologia quantitativa para condução dos processos decisórios no sentido de benchmark entre as opções de solução aos problemas detectados (as incertezas geradas pelas mudanças são amenizadas com medidas preventivas e medidas detectivas, orientadas pela mensuração do risco, com ênfase em facilitar e confirmar ou não convicções quanto ao alcance de cenários futuros vencedores – sustentabilidade em ação);
·         a auditoria com sua abordagem de revisão das práticas de mudança na busca da confirmação do controle interno estabelecido e direcionado pela mensuração do risco das hipóteses de solução delineadas.
As tecnologias de controle interno, risco e auditoria são decisivas para o enfrentamento de “fraudes, corrupção e infrações conexas”. Gestão é decisão e toda decisão é uma aposta quanto ao melhor desempenho ou às menores falhas nos cenários do amanhã dos negócios.
Fraude é uma falha induzida e com benefício ao seu autor. Dessa forma toda vertente “gestão-decisão-aposta” implica a idéia da mudança.
Gestão das fraudes é parte componente dos modelos de gestão de negócios. A luta de executivos, gestores, profissionais especializados e funcionários para concretizar mudanças que alcancem cenários futuros vencedores é o desafio diário na condução dos empreendimentos.
A atenção e o combate a fraudes, corrupção e infrações conexas são responsabilidade de todos os stakeholders.
A utilização das ferramentas controle interno, risco e auditoria no ambiente dos modelos/metodologias para “gestão, decisão, aposta, mudança organizacional” devem considerar as vulnerabilidades organizacionais quanto à vertente “fraudes, corrupção e infrações conexas”.
  
Palestras, seminários, cursos e disciplinas de pós-graduação colaboram na inserção das ideias e tecnologias explanadas.
Elaborar, instalar e reciclar o plano de prevenção de riscos e as normas para enfrentamento de agressões é vital para a sustentabilidade dos negócios neste século XXI regido pela variável mudança.
Todos os profissionais devem estar imbuídos da importância de modelos/metodologias para gestão e operação de negócios privados ou governamentais que contemplem as vertentes:
·         “fraudes, corrupção e infrações conexas”;
·         “controle interno, risco e auditoria”;
·         “compliance, governança corporativa, prevenção á lavagem de dinheiro”.
A troca de experiência, via miniprojetos de consultoria, para disseminação das melhores práticas para gestão e operação das medidas preventivas, detectivas e corretivas direcionadas a fraudes, corrupção e infrações conexas, é decisiva para o aumento da qualidade do processo/produto dos negócios no Brasil.
Em conclusão, a administração eficaz dos negócios com a aplicação das ferramentas controle interno, risco e auditoria deve ter os eventos de fraude, corrupção e infrações conexas no foco.
A sustentabilidade empresarial necessita das práticas das variáveis:
---- as causas e os efeitos associados a vantagens, necessidades e restrições, para geração de conhecimento no tocante a fraudes, corrupção e infrações conexas;
---- a tecnologia das entidades controle interno, risco, auditoria é prática determinante para o compliance, a governança e a lavagem de dinheiro.
Abordagem ecumênica para a gestão é requisito indispensável para a sociedade sustentável.

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