Entre o real e o ideal: algumas reflexões sobre o papel social da instituição-escola nos dias atuais

A Educação perpassa sempre toda e qualquer atividade humana

Marcos Pereira dos Santos (*)

prof-marcos-pereira webÉ muito comum ouvir dizer, principalmente, durante os períodos de campanhas eleitorais, que “Educação é a base de tudo” ou “tudo passa pela Educação”. Embora essas expressões sejam algumas vezes utilizadas apenas como uma forma muito perspicaz de chamar a atenção dos cidadãos-eleitores para as propostas de governo apresentadas pelos candidatos que disputam determinados cargos públicos na esfera política (presidência da república, senado federal, governo estadual, câmara municipal etc.), tais “chavões pedagógicos” contêm, em sua essência, uma verdade concreta e absoluta, não efêmera.

Todo o conhecimento científico que possuímos acerca das diferentes ciências e atividades profissionais existentes na sociedade capitalista é fruto de inúmeras aprendizagens adquiridas por intermédio da educação escolar. É na escola que se aprende a ler, escrever, contar, trabalhar em grupo, cumprir regras e horários, estudar com afinco, amar a Pátria, respeitar as pessoas a nossa volta, realizar tarefas com organização e disciplina, exercer liderança, cooperar coletivamente etc., dada a sua função social precipuamente educativa.

Além disso, é também no âmbito educativo escolar que, enquanto aprendizes, apreendemos valores éticos, morais, religiosos, culturais, econômicos, políticos e sociais de modo geral, bem como somos levados (ou ao menos deveríamos ser) a desenvolver a criatividade, a imaginação, o senso crítico, a reflexão, as capacidades de análise e síntese, entre outras diferentes habilidades e competências necessárias à vida em sociedade e ao exercício profissional. Logo, a Educação perpassa sempre toda e qualquer atividade humana.

Sendo assim, compete à escola, em sua tarefa social e educativa, ir além do mero ensinamento de conteúdos curriculares concernentes às diferentes áreas do saber; uma vez que ela tem o dever de preparar, tanto na dimensão técnica quanto humana, os futuros profissionais que terão a responsabilidade e o desafio de lutar militantemente pelo progresso social em suas múltiplas instâncias, tendo em vista a construção de uma sociedade mais justa, solidária, democrática e equânime em termos de direitos e deveres, independentemente de cor, etnia, sexo, religião ou classe social.

Pensar a instituição-escola sob essa perspectiva e, mais do que isso, buscar diferentes meios alternativos para que a mesma tenha condições reais de exercer seu papel social na sociedade capitalista contemporânea configura-se, pois, como um direito e um dever não somente de autoridades governamentais e profissionais da educação em geral; mas de todas as pessoas que almejam um mundo cada vez melhor para se (con)viver.

Nesse sentido, esperamos que os apontamentos aqui expostos possam, efetivamente, suscitar discussões, debates e análises crítico-reflexivas, principalmente, por parte de lideranças governamentais, professores, educadores, pedagogos, gestores escolares, coordenadores pedagógicos e pesquisadores em Educação acerca das funções sociais e educativas da escola nos dias atuais, visando assim romper velhos paradigmas ideológicos rumo à construção coletiva de uma “nova escola”, de uma nova sociedade. Para tanto, faz-se necessário recordar sempre que: “sonho que se sonha só é apenas utopia; mas sonho que se sonha junto é realidade (ideal)”.      

(*) Marcos Pereira dos Santos é doutorando em Educação, linha de pesquisa “Ensino e Aprendizagem”, pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Escritor, poeta e professor adjunto do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais (CESCAGE), junto a cursos de graduação (bacharelado/licenciatura) e pós-graduação lato sensu, em Ponta Grossa/PR. Endereço eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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