Derivativos financeiros garantem o resultado operacional

Gestão de resultado operacional por meio de um modelo de tomada de decisão de hedge

Artigo atualizado em 18-07-2021. Publicado em 18-10-2013

Masakazu Hoji e Reinaldo Pacheco da Costa (*)

hedge balançaO conteúdo deste artigo, reproduzido parcialmente, foi apresentado originalmente no XXV ENEGEP - Encontro Nacional de Engenharia de Produção (HOJI & COSTA, 2005) e posteriormente publicado na Revista Contabilidade Vista & Revista, da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, sob o título: Gestão de resultado operacional por meio de um modelo de tomada de decisão de hedge (HOJI & COSTA, 2006).

Muitos desastres financeiros ocorreram no Brasil, após a publicação deste artigo em 2006, pois houve nesses casos uma parcela de riscos assumida pelos executivos responsáveis pela tomada de decisão. Gostaríamos de enfatizar que um "hedge perfeito", como apresentado neste artigo, traz resultados efetivamente esperados.

Estratégias de hedge implementadas obedecendo a fundamentos técnicos sólidos eliminam substancialmente os riscos que deseja evitar. 

Para a grande maioria dos executivos, os rendimentos futuros são incertos e, portanto, torna-se necessário decidir o grau de risco que estão dispostos a assumir (PINDYCK & RUBINFELD, 2002). Segundo os autores, o risco pode ser reduzido se a empresa diversificar a aplicação de recursos em uma ampla gama de atividades variadas, cujos resultados estejam pouco relacionados entre si.

O risco é inerente a qualquer atividade econômica, e todas as decisões empresariais estão sujeitas a algum grau de risco. Geralmente, o risco está associado a algum fator negativo que possa impedir ou dificultar a realização do que foi planejado, e está intimamente associado à incerteza, pois havendo a certeza, não existiria o risco (HOJI, 2004a). Os acionistas esperam que o investimento feito na empresa produza um retorno compatível com o risco assumido, por meio de geração de resultados operacionais.

Para que uma organização seja bem-sucedida a longo prazo, ela deve perseguir os cinco objetivos de desempenho básicos da função produção: qualidade, rapidez, confiabilidade, flexibilidade e custo. Dentre os objetivos citados, o custo é o mais importante, pois o aumento ou a redução de seu valor reflete inversamente sobre o lucro (SLACK et al., 1999).

Quando o preço do insumo sofre aumento inesperado, o objetivo custo pode ser prejudicado. Alguns insumos, por serem mercadorias negociadas no mercado internacional, estão indexados à moeda estrangeira, geralmente dólar, implicando risco de preço e de câmbio. A taxa de câmbio é uma questão de natureza econômica e financeira, mas o executivo responsável pela produção ou operação também deve ficar atento a ela, pois sua variação pode exercer impacto negativo sobre o custo.

Para definição do foco deste estudo, podemos dividir os riscos empresariais em dois grupos, segundo sua natureza: operacional e financeiro.

Os riscos de natureza operacional são inerentes às atividades de operações, e podem ser evitados ou minimizados por meio de contratação de seguros, na maioria dos casos (HOJI, 2004b). Exemplos: perda material causada por incêndio, naufrágio, inundação, terremoto, guerra, colisão de veículo ou roubo, prejuízos de responsabilidade civil causados por erros técnicos médicos e de auditoria financeira.

Os riscos de natureza financeira, englobando os riscos de natureza econômica, podem exercer impactos sobre os ativos e passivos financeiros, bem como sobre os preços futuros de insumos e de venda (HOJI, 2004b). Exemplos: aumento considerável e inesperado do preço do insumo, redução da taxa de câmbio na situação de valor da exportação a receber, aumento da taxa de câmbio para empresa endividada em moeda estrangeira, aumento da TJLP (taxa de juros de longo prazo) para empresa com financiamento do BNDES etc.

Os riscos de natureza financeira podem ser evitados com a compra ou a venda antecipada de ativos ou passivos sujeitos a riscos, mas muitas vezes, por motivos estratégicos ou contingenciais, não é possível realizá-los. Nesses casos, os riscos podem ser evitados ou minimizados com a contratação de hedge por meio de derivativos financeiros, mas esses instrumentos financeiros, por sua vez, geram outros riscos que podem ser até maiores do que o risco original, pois as operações com derivativos produzem impactos na situação financeira de uma empresa, que pode ser positivo ou negativo. Chew (1999) alerta que os executivos responsáveis pela tomada de decisões devem saber claramente por que estão utilizando os derivativos para fazer o hedge, e administrar com eficiência o trade-off entre o risco e o retorno.

O hedge (ou hedging) é uma eficiente ferramenta de gestão de riscos, que pode ser utilizada com ou sem dispêndio de caixa. Fundamentalmente, o hedge consiste em assumir uma posição no mercado, de forma que os resultados financeiros gerados por essa posição apresentem o mesmo valor absoluto, porém, de sinal inverso, anulando os efeitos gerados pelos ativos ou passivos sujeitos a riscos (HOJI, 2001).

A história do hedge tem início na Idade Média, mas, ainda hoje, as pequenas e médias empresas não têm acesso fácil a conhecimentos técnicos sobre os efeitos dos derivativos financeiros, o que enfraquece tecnicamente o planejamento e controle do resultado operacional.

Segundo Hoji (2004a, p. 232), “a gestão de riscos é um processo por meio do qual são tomadas decisões de aceitar um perigo em potencial conhecido ou de minimizá-lo, com a utilização de instrumentos apropriados”.

O objetivo deste trabalho é apresentar um modelo de tomada de decisão de hedge para maximização de resultado operacional, simulando os resultados financeiros de alternativas de hedge com base em condições reais de mercado, comparando, posteriormente, os resultados efetivos com os simulados.

Na Revista Contabilidade Vista e Revista, da UFMG, apresentamos as seguintes alternativas de hedge: opção, collar, swap e sem hedge, mostrando os possíveis resultados financeiros de cada alternativa, bem como os cálculos.

Leia o texto completo na Revista Contabilidade Vista e Revista.

Referências

Livros:

CHEW, Lillian. Gerenciando os riscos de derivativos: o uso e o abuso da alavancagem. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999.

HOJI, Masakazu. Práticas de tesouraria: cálculos financeiros de tesouraria: operações com derivativos e hedge. São Paulo: Atlas, 2001.

________. Administração financeira: uma abordagem prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2004a.

_________; COSTA, Reinaldo Pacheco da. Gestão de resultado operacional por meio de um modelo de tomada de decisão de hedge. Contabilidade Vista e Revista. Belo Horizonte: Departamento de Ciências Contábeis da Faculdade de Ciências Econômicas, UFMG, v. 17, n. 2, abr./jun. 2006.

HULL, John. Introdução ao mercado futuro e de opções. 2. ed. São Paulo: BM&F/Cultura, 1996.

KONISHI, Atsuo; DATTATREYA, Ravi E. The handbook of derivative instruments: investment research, analysis, and portfolio applications. 2. ed. Chicago: Irwin Professional Publishing, 1996.

PINDYCK, Robert S.; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. São Paulo: Prentice Hall, 2002.

SILVA NETO, Lauro de Araujo. Derivativos: definições, emprego e risco. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

SLACK, Nigel et al. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1999.

 

Artigos de anais:

HOJI, Masakazu. Abordagem contábil de resultados financeiros de hedge. In CONGRESSO BRASILEIRO DE CONTABILIDADE, 17º, 2004b, Conselho Federal de Contabilidade. Anais do 17º Congresso Brasileiro de Contabilidade. Santos: CFC, 2004.

_________; COSTA, Reinaldo Pacheco da. Gestão de resultado operacional por meio de um modelo de tomada de decisão de hedge. In ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, XXV, 2005, Abepro. Anais do XXV ENEGEP. Porto Alegre: PUCRS, 2005.

 

(*) Masakazu Hoji é professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e Reinaldo Pacheco da Costa é professor da Universidade de São Paulo.

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