O ProfessorNews relembra a trajetória de uma profissional incansável: a professora, jornalista, escritora e política Alaíde Lisboa de Oliveira
Quase tão longeva quanto o último século e tão atuante no mesmo, Alaíde Lisboa de Oliveira nasceu na cidade mineira de Lambari, em 22 de abril de 1904, e desde cedo demonstrou aptidão para o ensino e a carreira acadêmica.
Na infância, quando estudou no internato do Curso Normal do Colégio Nossa Senhora de Sion, destacou-se como aluna exemplar, pois despendia horas de folga em leituras e estudo. Segundo ela, aprender era tão básico como quaisquer outras necessidades. "A motivação para o estudo era tão natural que não precisava inventar artifícios para despertar e manter o interesse", disse certa vez.
Mais tarde, na Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico de Belo Horizonte, presenciou aulas de grandes mestres da educação, como Helena Antipoff. Como escritora, publicou mais de vinte livros, dentre eles, dois clássicos da literatura infantil, que atravessaram gerações: A Bonequinha Preta e O Bonequinho Doce. Alaíde Lisboa também foi membra da Academia Mineira de Letras. Como jornalista, escreveu incontáveis artigos em revistas e jornais.
Em 1950, iniciou na carreira política, quando tornou-se a primeira vereadora de Belo Horizonte. Na carreira universitária, Alaíde Lisboa tornou-se uma baluarte na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), através de anos de serviços prestados.
Lecionou Didática Geral e Especial, assumiu a função de diretora do Colégio de Aplicação da Universidade e vice-diretora da Faculdade de Educação (FaE), onde organizou o mestrado da área. Trabalhou como professora da pós-graduação na FaE e na Faculdade de Medicina, ministrando a disciplina de Metodologia do ensino superior.
Bastante falante e autora de frases de muita opinião, Alaíde Lisboa negava-se a deixar a vida acadêmica pelos “deveres” domésticos de uma mulher. Disse ela uma vez: "A mulher exclusivamente absorvida pelos cuidados materiais da casa, a mulher alheia às mutações sociais e políticas cedo perde o contato com a geração que se forma dentro da própria casa. O filósofo já disse que somos animais políticos".
Ainda segundo a professora, o grande objetivo do homem é a busca do aprendizado e conhecimento. "O que seria de nós se não sonhássemos um pouco? Ou melhor: que seria do mundo se os homens não sonhassem?", imortalizou em uma de suas obras. Alaíde Lisboa faleceu em 4 de novembro de 2006, em Belo Horizonte.
Fonte: UFMG