Na contramão da moda

O professor Matthew Crowley, diretor assistente da Escola de Ensino Médio de Brockton, recebeu uma escola com sérios problemas em 1998. Foi o primeiro ano do exame Massachusetts Comprehensive Assessment System (MACS), e a escola apresentou 75% de reprovados em matemática e 44% em inglês. Atualmente, dos 4.261 alunos matriculados, 70% estão abaixo da linha da pobreza, 73% representam minorias étnicas e 50% usam outro idioma em casa. Mas os resultados são outros: 5% reprovam em inglês e 14% em matemática. Ele conta como gerencia a única escola de ensino médio da cidade, sem se dobrar diante das novas técnicas de administração escolar em moda nos Estados Unidos, que inclui divisão de grandes escolas em várias unidades de menor porte e demissão de professores. Crowley explica também como avaliam os professores e o que pensa sobre a meritocracia. O professor Matthew Crowley conta sua experiência em entrevista à Beatriz Rey, subeditora da Revista Educação, que reproduzimos em parte a seguir.

Como é a rotina de um professor de Brockton?
Para os professores, tem início às 7h10 e acaba às 14h23. Há cinco aulas por dia, cada uma de 66 minutos. Os docentes também lecionam três disciplinas por dia. Além disso, têm um período dedicado à convivência escolar, onde andam pelos corredores e pelos espaços da escola para garantir que está tudo bem e ajudar os alunos.
O processo de elaboração das aulas acontece somente na escola?
Não. Professores bons passam muito tempo pensando sobre como ensinar. Para isso, precisam trabalhar em casa. É preciso ir além do que se faz na escola.
A partir da reforma que começou em 1998, as capacidades de leitura, escrita, expressão oral e raciocínio passaram a ser exigidas em todas as disciplinas. Como é isso na prática?
Na disciplina “orquestra”, por exemplo, o aluno não só recebe a partitura de uma música, mas também um texto sobre quem a escreveu. Assim, conhece um pouco o ponto de vista do compositor. (...) Ele entende todo o contexto daquela música.
Como vocês lidam com professores cujo desempenho é inferior em relação aos outros?
Tentamos ser transparentes. Aqueles ruins sabem que não estão dando o melhor de si. E os melhores também sabem quem são. (...) Há professores que se oferecem para serem mentores dos mais fracos. (...) Também focamos a oferta de formação continuada aos docentes.
Vocês praticam a bonificação por desempenho durante a reforma?
Não. Nossos professores estão atrelados a salários por contrato.
Os resultados da prova estadual aplicada aos alunos também fazem parte da avaliação docente?
Não atrelamos a avaliação docente ao desempenho acadêmico dos estudantes.

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