Chile: o povo e a cultura

A cultura do povo chileno é mais coletivista do que individualista

Maria Helena Magalhães Sarmento Afonso (*)

Chile - Cordilheira dos Andes autor claudio aquinoNosso tema de hoje é sobre um vizinho sul-americano muito charmoso, desenvolvido e educado. Um país que começa no deserto de Atacama e vai até a Terra do Fogo, protegido entre a cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico e considerado o país mais estreito e longo do mundo.

Dizem que foi habitado há mais de 10 mil anos e têm vários povos originários, entre eles os Mapuches ou “gente da terra”, povo agricultor e criador de gado, que mantêm as suas tradições até os dias de hoje.

Os Atacameños e Diaguitas (agricultores) e Changos (pescadores) vivem ao norte, e ao sul do país, temos os Huilliches (agricultores e criadores de gado), Pewenches da zona da Cordilheira os Pikunches (agricultores) e outros mais.

Um povo originário que é muito pouco conhecido é o Rapanui ou Rapa Nui, habitantes nativos polinésios da Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico, que pertence ao Chile. Os polinésios foram tema de um filme em 1994, com o nome Rapa Nui. Falaremos mais sobre eles no nosso próximo artigo, pois é um povo rodeado de mistérios e curiosidades.

Chile - sanrtiago Vista do MIrante San Critóbal autor claudio quirinoNo século XVI, parte do país pertencia ao império incaico, quando foi descoberto e conquistado pelos espanhóis. Viveram poucos séculos sob esse domínio e se tornaram independentes, um pouco antes do Brasil, em 1818.

Apesar de terem sido colonizados por espanhóis, os chilenos tiveram grande influência também dos ingleses, galeses, escoceses e irlandeses, que deixaram uma parte de sua herança cultural. A colônia inglesa tem hoje diversos colégios e clubes exclusivos. Mantiveram suas tradições, construindo bairros que eram réplicas de sua terra natal, trouxeram cigarros, roupas e os esportes típicos de lá.

Os chilenos têm uma conduta social gentil e respeitosa; política e socialmente, são conservadores. Os homens chilenos são menos ostensivamente chauvinistas em relação às mulheres se os compararmos com o restante da América Latina.

Gostam de convidar para visitar suas casas e quando isso acontecer é aconselhável levar uma lembrança para a dona da casa. Podem ser flores, mas evite as amarelas que, para eles, representam desprezo.

Os chilenos são educados e gozam de situação econômica e política estável. Como a maior parte dos chilenos é mestiça, diferenças de classe são mais problemáticas que diferenças raciais. A classe trabalhadora chama, com ressentimento, a elite de momios (múmias).

Ao ser apresentado, um aperto de mãos é o cumprimento costumeiro. Entre amigos chegados, pode haver o abraço, junto com uma possível tapinha nas costas. Os homens e as mulheres que são bons amigos e duas mulheres podem beijar-se no rosto, normalmente do lado direito.

Os homens devem observar que, quando uma mulher entra na sala, o gesto delicado é levantar-se e estar preparado para apertar sua mão se ela a oferecer. Entretanto, a mulher sentada não precisa levantar-se ou sentir-se obrigada a oferecer sua mão quando um homem entrar na sala.

É importante olhar nos olhos. Boa postura ao sentar-se é importante.

À mesa, pedir mais comida é considerado uma falta de cortesia e adota-se o estilo europeu de comer, com o garfo na mão esquerda e a faca na direita. Os garçons podem ser chamados gesticulando-se com a mão, mas as outras pessoas são chamadas mais discretamente.

Chile Troca da Gruada Nacional autor claudio aquinoSe analisarmos o Chile de acordo com a classificação cultural de Geert Hofstede, veremos que ele é mais coletivista do que individualista. A lealdade à família e aos amigos é um dos pontos principais e rege a maior parte das regras sociais desse país. Além de coletivistas, eles são policrônicos, isto é, conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo.

Em geral, as culturas individualistas (como a nossa) gostam de discutir os tópicos na ordem sequencial e não mudam de assunto até que esse tópico esteja terminado. Os chilenos pulam de um tópico para outro fazendo com que culturas sequenciais achem que eles nunca vão concordar e terminar um assunto, pois dão a sensação de que estão escapando da conversa e do acordo.

Leia mais no link da Professora Maria Helena.

 

(*) Maria Helena Magalhães Sarmento Afonso é mestre em Comunicação, com pós-graduação em Sucesso Empresarial e Marketing Internacional e cursos de extensão em Marketing e Comércio Exterior na FGV. Coach certificada pela Integrated Coaching Institute. Diversos cursos no exterior sobre temas internacionais e interculturais. Palestrante internacional, professora de pós-graduação da Universidade Mackenzie e diretora da DBI Foreign Trade.

 

Fotos: Claudio Quirino

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