O que você sabe sobre o Islã?

Existe cerca de 1,5 milhão de muçulmanos no Brasil

Maria Helena Magalhães Sarmento Afonso (*)

muçulmanasJá faz algum tempo que algumas pessoas me pediram para escrever sobre o Islã, ou seja, sobre os muçulmanos.

Achei interessante essa curiosidade, até porque muitas vezes eu perguntava para os meus alunos se eles sabiam o que era o Islã e, às vezes, para brincar com eles, perguntava onde ficava o Islã e eles respondiam que era na Arábia Saudita.

Em virtude dessa falta de informação, resolvi escrever um pouco sobre essa religião, deixando claro que não sou especialista no assunto, mas sim curiosa e estudiosa do mesmo. Portanto, peço desculpa antecipada aos muçulmanos no caso de eu escrever algo que não seja tão fidedigno.

A palavra Islã é desconhecida para muitos brasileiros e uma grande parte da população não sabe que ela significa “submissão absoluta dos seres diante de Deus”. Além de ser uma religião, é também um conjunto de concepções culturais e normas de conduta. É um fenômeno histórico, cultural e social muito complexo e abrangente.

Podemos também dizer que islamismo é uma religião que reúne cerca de 1,5 bilhão de pessoas no mundo, predominante no Oriente Médio, África e Europa. Congrega várias etnias sociais e culturais, ou seja, temos árabes, afegãos, chineses, indonésios, europeus, americanos e até brasileiros islâmicos. De acordo com entidades islâmicas brasileiras, eles já são cerca de 1,5 milhão, estando a maioria concentrada nos estados de São Paulo e Paraná, existindo também comunidades significativas em Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Rio Grande do Sul.

Outra confusão que percebo é a de acharem que a religião muçulmana é muito antiga e existe há muitos milênios. Na realidade, ela existe desde o ano 610 da era cristã, quando Maomé, Muhammad ou Mohamed, recebeu do anjo Gabriel a Pedra Negra que se encontra na Caaba (santuário sagrado que significa cubo), na cidade de Meca, Arábia Saudita.

Nesse ano, Maomé meditava nas montanhas, quando aconteceu a “iluminação”. Era o dia 27 do mês de jejum e purificação da alma, o Ramadã, o qual foi instituído depois desse fato. Não há uma correspondência entre o calendário mulçumano, que é lunar, e o ocidental, que é solar. Por isso, o Ramadã e outras datas muçulmanas ocorrem em períodos do ano variáveis em relação ao nosso.

Seu livro sagrado é o Corão ou o Alcorão, que significa “revelação”, a palavra de Deus. O Corão está para os islâmicos como a Bíblia está para os cristãos e a Torá para os judeus. Outra coisa importante é saber que Maomé não é considerado filho de Deus, pois para eles, Deus é único, não tem filhos (a não ser no sentido universal onde toda a humanidade é sua família querida). Os muçulmanos tampouco aceitam o dogma da santíssima trindade – Pai, Filho e Espírito Santo.

A novela O Clone foi uma obra que “introduziu no imaginário cultural brasileiro imagens bastante positivas dos muçulmanos como pessoas alegres e devotadas à família”.

Haram e haral

Por falar na novela, vocês se lembram que eles falavam muito “haram? Essa palavra é o mesmo que ilícito, proibido, impuro, ilegal. Alimentos e bebidas ”haramsão absolutamente proibidos por Deus para todos os muçulmanos.

Existe uma entidade chamada Núcleo de Desenvolvimento do Conceito e Sistema Halal do Brasil – Central Islâmica Brasileira de Alimentos Halal (CIBAL HALAL), que emite certificados “halal”, ou seja lícito, o mesmo que permitido. Alimentos designados “halal” são aqueles cujo consumo é permitido por Deus. No Sagrado Alcorão, Deus ordena aos muçulmanos e a toda a humanidade comer apenas alimentos “halal.

Halal também é a base de tudo que é lícito, na política, no social, nos atos praticados (conduta), na justiça, nas vestimentas, nas finanças etc.; é o resultado de um sistema de produção que busca criar mecanismos que contribuam com a saúde humana, criando equilíbrio sustentável em todo o seu processo.

De acordo com eles, os seguintes animais são proibidos para consumo:

- porcos, cachorros e seus semelhantes;

- animais que possuem longas presas (dentes), tais como tigres, elefantes, macacos etc.;

- pássaros predadores, como o águia, falcão etc;

- animais pestilentos, como ratos, centopeias, escorpiões e semelhantes;

- criaturas ou insetos que são considerados repulsivos como as moscas, vermes, lesmas, baratas etc.;

- répteis, como crocodilos, cobras etc.;

- animais e aves que se alimentam de carniça.


Citamos também alguns dos produtos que são “haram” e precisam de todo um ritual para se tornar “halal:

- carne suína e seus derivados (gelatinas, culturas de fermentação, queratina etc.);

- animais abatidos de forma imprópria ou já mortos;

- animais abatidos com invocação de outro nome que não seja o de Deus;

- sangue e seus derivados;

- gelatina originada de bois que não foram abatidos conforme a jurisprudência islâmica;

- bebidas alcoólicas;

. leveduras de cervejarias;

. embalagens plásticas biodegradáveis que utilizam gelatina suína.

 

Para ler o texto completo, acesse o link da Professora Maria Helena.

 

(*) Maria Helena Magalhães Sarmento Afonso é mestre em Comunicação, com pós-graduação em Sucesso Empresarial e Marketing Internacional e cursos de extensão em Marketing e Comércio Exterior na FGV. Coach certificada pela Integrated Coaching Institute. Diversos cursos no exterior sobre temas internacionais e interculturais. Palestrante internacional, professora de pós-graduação da Universidade Mackenzie e diretora da DBI Foreign Trade.

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