Autores e convidados discutiram gestão no mundo esportivo e a Copa do Mundo
O evento serviu para o lançamento do livro Marketing Futebol Clube (Luiz Claudio Zenone – Editora Atlas, 2014, 1.ª edição, brochura, 152 p., R$ 45,00 impresso e R$ 36,00 e-book).
O encontro contou com ilustres convidados, como o professor de Gestão do Esporte da Uninove, Fernando Fleury; do professor da PUC-SP, Carlos Alberto Safatle; do professor José Renato Sátiro Santiago, da Fundação Vanzolini; e do ex-presidente do Sport Club Corinthians e ex-dirigente da CBF, Andrés Navarro Sanchez.
Na reunião, que teve a participação de professores, escritores, jornalistas, profissionais de marketing e esportes, foram comentados sobre gestão de negócios nos clubes de futebol do Brasil, engrandecimento de marcas e produtos, direitos de imagem, contratos e vários outros assuntos. Dentre tantos temas, Andrés Sanchez aproveitou para contar como transformou a marca “Corinthians” numa das maiores do continente sul-americano.
Sobre a gestão de negócios, Sanchez acrescentou: "Estabelecemos diferentes estratégias para a nossa torcida. No futebol, é necessário conhecer o seu torcedor. Eu vivo comentando: o Corinthians tem torcedores milionários, ricos, classe média, baixa, pobres e aqueles que dizem torcer, mas não frequentam estádios. Por isso, montamos categorias diferentes de sócios, onde o ingresso mais caro, logicamente, dá direito a bebida e comida de graça, e melhores locais de estacionamento, ou seja, regalias que outros menos abastados não podem pagar. Já os demais torcedores terão outras vantagens de acordo com seu poder aquisitivo. Não é fácil gerir futebol; realmente, vivemos num mercado muito inflacionado e nem sempre o clube pode contratar um jogador que deseja".
"Vivo sendo perguntado na rua por torcedores: ‘ah, tem que contratar, é preciso reforçar o time’ e eu sempre respondo: você é sócio? Você contribui com o clube? É só você assinar um cheque, que eu contrato quem você quiser", completou o ex-dirigente, arrancando risadas dos presentes.
Ao Professornews, o autor e os demais convidados deram algumas declarações.
Professornews: Se compararmos as duas épocas em que o Brasil foi escolhido como palco de uma Copa do Mundo, em 1950 houve uma comoção em todo o País, com torcedores enchendo estádios em todas as cidades-sede, além de festas e ruas enfeitadas. No entanto, o País vem atravessando uma onda de protestos e greves e a população não parece empolgada em receber a Copa. Recentemente, um dos patrocinadores da Seleção Brasileira lançou o slogan “O Futebol está voltando pra casa”. Mesmo assim, o povo parece imune a qualquer empolgação pelas partidas do maior evento de esportes do mundo. O senhor acha que o Governo Federal e as empresas não souberam como vender produtos e imagens da marca ‘Brasil’?
Professornews: A insatisfação de muitos brasileiros fez com que gritassem uma frase em todo o País: “Não vai ter Copa”.
Professor Fernando Fleury: Esse é um dos maiores motivos de revolta dos manifestantes, o dinheiro gasto em estádios e outras coisas para a realização da Copa. É bom que se diga, a Fifa não enganou ninguém. Ela apresentou suas diretrizes e normas para realizar o evento, e o Brasil aceitou tudo, assim como fez a África do Sul em 2010. Depois das Olimpíadas de 2012, a Austrália não sabe o que fazer com vários estádios que estão abandonados. Até hoje, há inflação na Grécia por conta das Olimpíadas de 2004. Os Jogos acabaram sendo um dos motivos da crise no país. Particularmente, sou contra investimentos governamentais em esportes profissionais. Os governos poderiam investir nas bases, para formar cidadãos. Se as crianças tivessem vocação para a vida de atleta, entrariam a iniciativa privada, como acontece nos Estados Unidos, e teriam uma carreira profissional.
Professornews: No encontro, foi comentado que há torcedores das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste que preferem torcer para os times do Sul-Sudeste. Mas acontece também de muitos torcedores do Sul-Sudeste preferirem torcer para clubes da Europa. O que os clubes brasileiros devem fazer para evitar esses dois fenômenos e manterem seus torcedores fiéis?
Professornews: Quais seriam as melhores ações de marketing para clubes que possuem pouca participação nos calendários de competições?
Professor Agnaldo Lima: Não há ação de marketing ou assessoria de imprensa que possa fazer isso. É necessário que haja um fortalecimento financeiro nas federações estaduais de futebol, para que seus filiados permaneçam ativos durante todo o período de competições. Um grande exemplo de inatividade é o Ituano daqui de São Paulo: passou por grandes clubes da capital, como o Corinthians e derrotou o Santos na final, mas ninguém lembra mais; o Ituano está parado. Com as federações fortes, as ações de marketing tornam-se mais fáceis. Se criássemos uma “Gestão do Torcedor”, os clubes poderiam criar promoções, eventos de captação de recursos, sorteios ou quaisquer outros planos de estratégia para manter seus torcedores e o time sempre participando de torneios e campeonatos. Isso chama atenção das mídias, como imprensa televisiva, de internet, de rádio e dos jornais.
Fotos e reportagem: Alexandre César