Professores transportam a Terra Média para São Paulo

Colecionadores e fãs do filme Senhor dos Anéis organizam eventos no Estado

DSC01463 webImaginem viajar no mundo fantástico de J. R. R. Tolkien em plena cidade de São Paulo! Graças aos professores Atos Tonelli, de História, e Isabel Alves, de Artes, além do advogado Franz Brehme, do padre Rodrigo Flaibam e outros aficionados, isso é possível.

Eles fazem parte do Círculo Nazgûl, grupo de fãs e colecionadores de artigos de obras do escritor britânico John Ronald Reuel Tolkien: O Senhor dos Anéis e O Hobbit, que se tornaram clássicos, não só da literatura, mas também do cinema.

O grupo realiza eventos para mostrar suas coleções. O próximo encontro será o NazgûlCon em 30 de novembro, no bairro da Vila Mariana, em São Paulo-SP.

Dentre os objetos, encontram-se miniaturas de paisagens cinematográficas, bonecos de action figures, estatuetas de personagens e réplicas de artigos usados pelos protagonistas nos filmes.

A mostra traz adornos, como coroas dos reis, anéis, colares, tiaras, amuletos e claro, os artigos mais cultuados pelos fãs: espadas, arcos, adagas e machados de homens, magos, elfos, espectros, hobbits, anões e orcs, da Terra Média.

No sábado (26), o Professornews foi de perto conhecer o evento Uma Viagem à Terra Média II, no Shopping Vitrine Iguatemi, no bairro de Pinheiros em São Paulo-SP, e entrevistou o Círculo Nazgûl.

DSC01458 web“Como surgiu esse grande interesse nas obras de Tolkien?” Perguntado pelo nosso repórter, Atos Tonelli, professor de História e comerciante de artigos do Senhor dos Anéis e outras obras de ficção, disse: “Tornei-me fã, primeiramente, com os livros em 1997; depois, com os filmes. O nosso objetivo em fundar o grupo e realizar os eventos é reunir os amigos e trocar ideias sobre as obras de Tolkien, das novidades de lançamentos dos artigos de coleção e conhecer gente legal. Mas o que eu gosto mesmo é de viajar no universo da Terra Média. Sempre que armo as mesas com os bonecos dos personagens e as paisagens, penso estar em Moria, nos reinos de Rohan e de Gondor... e me imagino bebendo com os amigos na Estalagem do Pônei Saltitante em Bri (lugares do livro O Senhor dos Anéis). Enfim, esse hobby serve como uma razão de viver, fugir um pouco da dureza do dia a dia”.

Para o professor, o único incômodo que suas coleções trazem é quando está namorando. Ele comenta também que sua ex-namorada não aprovava o passatempo. Atos possui tatuagens de frases encontradas no filme. No antebraço, está escrito alfabeto Tengwar (idioma inventado por Tolkien, a linguagem proibida de Mordor): Um Anel para todos governar, um Anel para encontrá-los. Abaixo, encontra-se seu nome, juntamente com o do seu filho Enzo, no idioma Sindarin, dos elfos.

DSC01477 web“Realmente, muita gente acredita que o colecionismo é uma infantilidade, mas o maior problema são os relacionamentos que temos. O ideal é mostrar às garotas que temos essa paixão e que entendam, porque depois se torna complicado. De uma ex-namorada, ouvi muitas frases do tipo: ‘Mas você gastou isso tudo numa espada?’; ‘Não acredito que você gastou dinheiro com essa chave de brinquedo’; 'Para quê você quer essa joia, que você não vai usar?’ Enfim, estou solteiro agora, mas qualquer namorada também reclama. Isso é uma coisa até normal no meio, alguns dos meus clientes também reclamam e até fazem compras com discrição, para não despertarem a ira das mulheres, em casa”, completou Atos, entre risos.

Já para o advogado e tatuador Franz Brehme, que é casado, suas coleções até causam-lhe alguns “puxões de orelha” de sua esposa, quando adiciona novas peças à sua lista que, segundo ele, possui um foco e logo terá outro.

DSC01466 web“Olha, não tem jeito. Sempre que um colecionador está namorando ou esteja casado, ele vai ser interpelado pelo fato de estar gastando dinheiro ou tempo com seu hobby e coleções. Por mais que uma mulher diga ‘Olha, eu te entendo, já te conheci assim...’, não vai ter jeito, elas sempre vão pegar no seu pé. Minha esposa até está me entendendo mais, mas já escutei muito dela que gasto dinheiro com bobagens ou que passo mais tempo me dedicando aos eventos e artigos de coleção do que com ela, mas não é assim. Por enquanto, terminei minha coleção de actions figures, mas estou propenso a outro foco agora que é colecionar as réplicas de espadas, adagas, arcos e machados do filme. O problema é só na hora de comprar e pagar (entre risos). No começo do ano, adquiri a coroa de tamanho natural do rei Aragorn e uma estátua do Rei Bruxo, e ainda as estou pagando, gastei algo em torno de R$ 2.500,00”, relata Franz.

Nesse Clube do Bolinha, isto é, quase, há espaço também para as Luluzinhas: a professora de Artes, Isabel Alves é uma das duas garotas fundadoras do Círculo Nazgûl e, segundo os participantes do evento, “a namorada dos sonhos de todo colecionador”. A alcunha serve não só porque ela é uma aficionada em quadrinhos, literatura, colecionismo e filmes, mas porque jura que não implicaria com seu namorado, caso ele também colecionasse.

DSC01467 web“Eu não implicaria com namorado nenhum, caso tivesse uma coleção. O importante é saber respeitar os gostos e as atividades do outro. Mas engana-se quem pensa que só as mulheres de colecionadores implicam, meus ex-namorados também reclamavam do dinheiro que gastava com minhas coleções. Tenho incontáveis gibis do Batman, sou grande fã dele, além de outros heróis dos universos DC e Marvel. No universo de Tolkien, tenho 70 actions figures, e nem dá para saber quantos ainda faltam, pois nem os colecionadores têm ideia exata do número. Isso porque muitas peças foram fabricadas por várias marcas, algumas delas já extintas; então, fica difícil saber”, fala empolgadamente a professora.

DSC01471 webComo seus colegas, Isabel também possui tattos, que retratam cenas do filme, assim como os adereços usados pelos personagens, como a Árvore do Rei e a Folha de Lórien. A professora, que diz ser apaixonada por cultura nórdica, traz no pescoço um pingente do martelo Mjölnir, do Deus do Trovão, Thor. E complementa: “Leio e pesquiso bastante sobre personagens míticos, principalmente os nórdicos. Já no Senhor dos Anéis, minha predileção é pela nobre da casa de Rohan, Éowyn, que, contrariando a cultura medieval, foi para o campo de batalha, mesmo escondida, e salvou o seu tio, o rei Théoden, de ser devorado pelo Nazgûl na Batalha de Gondor. Éowyn representa uma mulher guerreira que não deixou de ser amável e feminina, pois ela se apaixona por Aragorn e ainda é leal ao seu povo e aos seus amigos”.

Fotos e reportagem: Alexandre César

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